quinta-feira, 31 de julho de 2008

Cia Barbixas do Humor

Já viram ? Já riram ? Se não, corre pra coisar com eles! É pra rolar e se enrolar de rir.
E olha só que espetáculo de promoção!
Coloque um vídeo dos Barbixas no seu blog e ganhe dois ingressos para o espetáculo "Em Breves"! Se demorar pra postar, em breves você terá que pagar. Mas, o importante é não deixar de ir, porque pra rir assim, só na Santa Ceia e, como a Santa Ceia é coisa do passado e você nem era nascida acredito que há Coisos melhor pra fazer Em Breves.

Se você tem um tem um blog, deixe ele pagar a conta. O regulamento pra ganhar os ingressos é o seguinte: você "posta" pelo menos um dos vídeos dessa playlist no seu blog, manda um email pros Barbixas (contato@barbixas.com.br) e vira automaticamente um par de vasos, quer dizer de convidado, para assistir o espetáculo "Em Breves" no Teatro Jaraguá. Viu ? Nem precisa de carnê, comprovante de residência e de renda! Postou, ganhou.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Macalé, Pazé e Torquato entre dentes.

O Macalé e o Paulo José (pra quem só conhece o ator global das últimas décadas , tipo eu com Shazan ou sei lá qual era o nome do personagem que não me lembro mais mesmo), foi um dos grandes vanguardeiros teatrais e cinematográficos dos anos 70. E, Torquato berrando em palavras: "Quem não arrisca não pode berrar. Leve um homem e um boi ao matadouro. Aquele que berrar mais na hora do perigo é o homem. Mesmo que seja o boi."

domingo, 27 de julho de 2008

Os Últimos Dias de Paupéria (I)

fragmento de poema sobre papel de limpar lábios

eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível

eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora

eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim

eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranqüilamente
todas as horas do fim

Geração em Transe


TÍTULO: PRA MIM CHEGA, A BIOGRAFIA DE TORQUATO NETO
ISBN: 8586821608
IDIOMA: Português.
ENCADERNAÇÃO: Brochura, 236 págs.
ANO EDIÇÃO: 2005
PREÇO APROXIMADO: R$ 36,00

"Torquato Neto foi um dos principais personagens da revolução que mudou os rumos da cultura brasileira, os anos sessenta, junto com Glauber Rocha, Caetano Veloso, José Celso Martinez Correa, Gilberto Gil, Rogério Duarte e outros da mesma estirpe. Torquato Neto foi também um herói romântico típico, fadado a morrer ainda jovem, como James Dean, Jimi Hendrix, Janis Joplin ou Jim Morrison. Era um poeta sensível e inconformado, um polemista inteligente e corajoso e uma das figuras mais carismáticas de sua geração. Nativo do signo de Escorpião, havia algo de noturno, complexo, aparentemente insondável em sua personalidade. Com acuidade e perspicácia, Toninho Vaz sondou essa personalidade fascinante no contexto histórico e cultural em que ela se desenvolveu. Seu livro nos oferece não só um retrato de corpo inteiro desse excepcional artista quando jovem mas também uma visão justa do espírito libertário que animou toda a sua geração. A experiência de Torquato é típica, exemplar e, portanto, esclarecedora. Em conseqüência, esta é uma obra fundamental para o estudo dessa geração de artistas brasileiros, na segunda metade do século XX. São cada vez mais numerosas as teses universitárias que tomam por tema seu movimento não apenas estético, mas existencial. Pra mim, chega vem se juntar a Os Últimos Dias de Paupéria, do próprio Torquato, Verdade Tropical, de Caetano, ou o Tropicaos, de Rogério Duarte, como um dos documentos essenciais para compreensão do que aconteceu com a geração em transe na sua juventude". (Luiz Carlos Maciel)

sábado, 26 de julho de 2008

Torquato Neto, nos últimos antes de vida, visitava mais constantemente Teresina (PI), numa espécie de despedida fragmentada. Em uma dessas viagens feita em 1970, é apresentado a Durvalino Couto Filho, 17 anos, então estudante do segundo grau, e a Edmar Oliveira pelo primo Paulo José Cunha que, com Fátima Mesquita, agendam com ele uma entrevista para a página Comunicação, que editavam no jornal Opinião. A entrevista saiu na edição do dia 31 de janeiro de 1971, marcando, a partir daí, a participação de Torquato Neto na página Comunicação, que circulava desde o dia 19 de março de 1970. Nela, foram publicados, pela primeira vez, alguns dos textos que viriam a formar a composição de Os Últimos Dias de Paupéria, como, por exemplo:
MARCHA À REVISÃO1 – COLAGEM - Quando eu a recito ou quando eu escrevo, uma palavra - um mundo poluído - explode comigo e logo os estilhaços desse corpo arrebentado, retalhado em lascas de corte e fogo e morte (como napalm) espalham imprevisíveis significados ao redor de mim: informação. Informação: há palavras que estão nos dicionários e outras que não estão e outras que eu posso inventar, inverter. Todas juntas e à minha disposição, aparentemente limpas, estão imundas e transformaram-se, tanto tempo, num amontoado de ciladas.
Uma palavra é mais do que uma palavra, além de uma cilada. Elas estão no mundo e portanto explodem, bombardeadas. Agora não se fala nada e tudo é transparente em cada forma; qualquer palavra é um gesto e em sua orla os pássaros de sempre cantam nos hospícios. No princípio era o verbo e o apocalipse, aqui, será apenas uma espécie de caos no interior tenebroso da semântica. Salve-se quem puder.
As palavras inutilizadas são armas mortas e a linguagem de ontem impõe a ordem de hoje. A imagem de um cogumelo atômico informa por inteiro seu próprio significado, suas ruínas, as palavras arrebentadas, os becos, as ciladas. Escrevo, leio, rasgo, toco fogo e vou ao cinema. Informação? Cuidado, amigo. Cuidado contigo, comigo. Imprevisíveis significados. Partir pra outra, partindo sempre. Uma palavra: Deus e o Diabo". (Reproduzido no Geléia Geral - 8/11/71. 6ª feira).

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Fragmentos

carta enviada para Monte Mor em 25/07/2008


É assim que é: de letras tortas, de escritas mortas, se reconstrói vidas. Tudo é cíclico. Revisitar autores antigos é sempre a melhor maneira de encontrar novas seduções para o futuro. Na raiz da língua, vale a pena cavocar livros empoeirados e tirar deles mais um monte de novidades. Afinal, como já disse o Quintana "a gente nunca lê o mesmo livro, embora o livro seja o mesmo de sempre"

Detalhe:

Anjo da meia noite, traz aqui uma asa pra eu voar,traz aqui uma chama para me acender, traz aqui um fogo pra me queimar. as palavras parecem estar frias, anjo torto, o personagem está vivo, mas a história não quer nascer. vou desmantelar as palavras, por favor - mon amour, não se revolva no túmulo, tem luz lá fora, só falta o verbo criar , eu me soltar , pra que tudo aconteça.

Anjo Torto

Torquato Neto, um bem dito maldito.

Moço morto no ano que nasci. Anjo torto que ligou o gás e apagou a luz. Dono de escrita escura. Daquelas que nos assombram com verdades quase impossíveis. Era todo ele, música, letra e fúria. Às vezes, procuro-o no espelho. Mas, há sombras demais ao meu redor...

no trópico pop
no galope e no trote
há Torquato pra todo lado

Semana para pensamento mais fundo, mais longe do que minhas mãos escavam.

Todo mundo está lendo

Todo mundo está lendo é um blog (http://www.lendo.org/) do André Gazola. Hoje ele disponibilizou um post, sobre uma campanha para organizar uma lista de blogs literários no Brasil. Ele acha que juntar 200 é muito, mas pelas minhas andanças pela net, eu estou achando até que é pouco... Bem, se você quer fazer parte desta lista dá uma lida abaixo e se quiser mais detalhes acessa o blog dele! Bye, Sô.

* * *

Lá pras bandas das Europas, o blog El hueco del viernes está fazendo uma campanha para juntar 1000 blogs de língua espanhola que falem sobre literatura.

A promessa é de que atingido o número, o autor fará um PDF com a compilação de todos os blogs inscritos e disponibilizará como guia de consulta para todos interessados.
A minha idéia é simples, ainda mais por ser uma cópia do espanhol, aquele: você que tem um blog cujo assunto principal seja os livros ou a literatura deixa um comentário no meu blog (http://www.lendo.org/) com o seguinte:

Nome e endereço do blog:
Autor (es):
País:
Um breve texto, de no máximo 100 palavras, com a biografia/filosofia do blog:

Quando atingirmos 200 comentários, eu faço o PDF e disponibilizo junto com um selinho “Eu sou um blog Literário”. O que você ganha com isso? Primeiro que esses PDFs costumam circular bastante pela internet, por isso é certo que vai ganhar umas quantas visitas através dele. Segundo que você vai conhecer vários blogs sobre o seu assunto, e aí vem aquela coisa de linkar, de comentar e por aí vai.
André Gazola

Cartas sobre a mesa

" Já que ela não era uma pessoa triste, procurou continuar como se nada tivésse perdido. Ela não sentiu desespero. Também o que é que ela podia fazer? Pois ela era crônica. Tristeza era luxo" - Clarice Lispector

O tempo, esta coisa estranha que nos rodeia.

Corujas me lembram uma antiga senhora
(... uma senhora muito engraçada, que um dia passou pela minha vida, e que pedia pizza estendendo lençóis na janela...)

Delicatessen
Hilda Hilst

Você nunca conhece realmente as pessoas. O ser humano é mesmo o mais imprevisível dos animais. Das criaturas. Vá lá. Gosto de voltar a este tema. Outro dia apareceu uma moça aqui. Esguia, graciosa, pedindo que eu autografasse meu livro de poesia, "tá quentinho, comprei agora". Conversamos uns quinze minutos, era a hora do almoço, parecia tão meiga, convidei-a para almoçar, agradeceu muito, disse-me que eu era sua "ídala", mas ia almoçar com alguém e não podia perder esse almoço. Alguém especial?, perguntei. Respondeu nítida: "pé-de-porco". Não entendi. Como? "Adoro pé-de-porco, pé-de-boi também". Ahn... interessante, respondi. E ela se foi apressada no seu Fusquinha. Não sei por que não perguntei se ela gostava também de cu de leão. Enfim, fiquei pasma. Surpresas logo de manhã.Olga, uma querida amiga passando alguns dias aqui conosco, me diz: pois você sabe que me trouxeram uma noite um pé-perna de porco, todo recheado de inverossímeis, como uma delicadeza para o jantar? Parecia uma bota. Do demo, naturalmente. E lendo uma entrevista com W. H. Auden, um inglês muito sofisticado, o entrevistador pergunta-lhe: "O que aconteceu com seus gatos?" Resposta: "Tivemos que matá-los, pois nossa governanta faleceu". Auden também gostava de miolo, língua, dobradinha, chouriços e achava que "bife" era uma coisa para as classes mais baixas, "de um mau gosto terrível", ele enfatiza. E um outro cara que eu conheci, todo tímido, parecia sempre um urso triste, também gostava de poesia... Uma tarde veio se despedir, ia morar em Minas... Perguntei: "E todos aqueles gatos de que você gostava tanto?" Resposta: "Tive de matá-los". "Mas por quê?!" Resposta: "Porque gatos gostam da casa e a dona que comprou minha casa não queria os gatos". "Você não podia soltá-los em algum lugar, tentar dar alguns?" Olhou-me aparvalhado: "Mas onde? Pra quem?" "E como você os matou?" "A pauladas", respondeu tranqüilo, como se tivesse dado uma morte feliz a todos eles. E por aí a gente pode ir, ao infinito. Aqueles alemães não ouviam Bach, Wagner, Beethoven, não liam Goethe, Rilke, Hölderlin(?????) à noite, e de dia não trabalhavam em Auschwitz? A gente nunca sabe nada sobre o outro. E aquele lá de cima, o Incognoscível, em que centésima carreira de pó cintilante sua bela narina se encontrava quando teve a idéia de criar criaturas e juntá-las? Oscar, traga os meus sais.

Texto extraído do jornal “Correio Popular”, de Campinas-SP, edição de 01/03/1993.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Dindinha

Ceumar - Pocket Show

Morena de olhos vivos e boca viva, vinho tinto seco. De túnica - terra sobre terra - e pequeno grampo nos cabelos cheios. Nos pés nús, sandália verde de plástico e couro, lembrando melissa antiga. Nas mãos, um violão e vários "deixa eu começar primeiro" o que Dante no paraíso, sempre deixava...
Voz de passarinho que gorjeia. Em alguns instantes, lembrou Tetê (que parece ter um Xexéu preso na garganta - eita, ave bonita imitadora do canto doutras!). Em outros tempos lembrou meu antigo Itamar, velho xangô, na beira do palco (vestido de branco, nas tantas apresentações no Teatro da Fiesp) cantando baixinho "laranja madura na beira da estrada... tá bichada zé ... ou tem marimbondo no pé ...". Ai que aquele danado era bonito demais e tenho certeza que sabia disto...por isso se agigantava daquele jeito no palco.
Ceumar chegou assim neste pocket-show, para mim.
Toda faceira, toda cheia de estalos no dedo, toda cheia de dengo e de pisca-pisca nos cílios alongados. Toda armada com seu cabelo frisson, toda clara, toda abraço, toda enlace, toda inha. Dindinha. Achou!
Dante quieto, estava escrito nas letras em tantas parcerias com Tatit que até perdi as contas. De Baleiro, que eu tanto gosto, uma canção com muito futebol que não gostei muito não. De Chico César, uma saia linda azul diamantina pra vestir com blusa de flor em qualquer Minas (bem bonita Ceumar ficou dentro dela). De abraços e de bruxarias, esta feiticeira torceu o nariz e fez mandingas. Nós, público enfeitiçado, apenas ouvíamos os graves e agudos de sua delicada voz. Dante, tímido e dominado pelo menear de cabeça da musa, acompanhava a passarinha sem a perder de vista. Dante, ligeiro, era caçador de letras em tons sobre tons.

E ali, na segunda fila, eu cantarolava baixinho...

"O seu olhar lá fora...O seu olhar no céu...O seu olhar demora...O seu olhar no meu...O seu olhar, seu olhar melhora...Melhora o meu...Onde a brasa mora e devora o breu...Como a chuva molha o que se escondeu...O seu olhar, seu olhar melhora, melhora o meu...O seu olhar agora, o seu olhar nasceu, o seu olhar me olha, o seu olhar é seu...O seu olhar, seu olhar melhora, melhora o meu... "

Composição: Arnaldo Antunes/Tatit

Cidadão Kane ?

(There Will Be Blood, 2007)
Não,
é só Daniel Day Lewis em
Sangue Negro...
No início do século 20, no Texas, Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis), um magnata do petróleo, tenta ensinar ao filho H.W. Plainview (Dillon Freasier) princípios que, na sua visão, considera importantes como família, ambição e riqueza nos negócios. Porém, ele terá de enfrentar o fato de que o filho começa a simpatizar com trabalhadores socialistas e seus ideais.
Gênero: Drama

Elenco: Daniel Day-Lewis, Paul Dano, Kevin J. O'Connor, Ciarán Hinds, Russell Harvard, Mary Elizabeth Barrett, Kevin Breznahan, Brad Carr, Mark Flanagan, Colleen Foy, Vince Froio.
Dirigido por: Paul Thomas Anderson

The Jane Austen Book Club

O clube de leitura de Jane Austen

Na locadora, parecia bobo. Em casa, causou conflito. Ver ou não ver, eis a questão. Acordei sábado de manhã pra ver. A idéia do clube de leitura me fisgou desde o princípio, sempre quis fazer algo assim. Não performático, cheio de holofotes e de platéia. Mas, algo íntimo, tão pessoal quanto segredo entre amigos.

Nunca li Jane Austen, assisti todos os filmes adaptados, mas nunca senti vontade de ler livros chamados Razão e Sensibilidade, Orgulho e Preconceito, etc, etc. (embora, o Sr Darcy tenha um charme digno de leitura ao pé da cama!)

O filme do clube ganhou o meu respeito pela simplicidade e agora quero ler Jane , conhecer melhor esta inglesa (1775-1817), que segundo os tablóides antigos é quase tão famosa como o grande mestre Shakespeare.

Não é filme para eternidade, longe disto, sessão pipoca é perfeito. Sem pirotecnias, sem grandes dramas reais, sem grandes astros. A idéia sim , é a grande sacada do filme: um clube de amigos que se debruçam sobre determinado autor.

Não é filme de grandes atuações e vale o crédito pelos personagens leves. Para mim, serviu de apontamento para buscar um pouco mais de Austen, descobrir seus personagens escritos e os sentimentos neles contidos.

Quem quiser formar um Clube de Leituras, é so me chamar que eu vou.

ps.detalhe para o belo figurino da professora de línguas Prudie (Emily Blunt). Irresistivelmente delicado, sereno e elegante (quero pra mim!)

Elenco: Emily Blunt, Hugh Dancy, Maria Bello, Kevin Zegers, Maggie Grace, Amy Brenneman, Nancy Travis, Marc Blucas, Kathy Baker.
Direção: Robin Swicord
Gênero: Drama
Sinopse: Hoje em dia, o interior da Califórnia pode estar bem distante da regência inglesa, mas algumas coisas nunca mudam. Nós continuamos um tanto preocupados com as complexidades do casamento, da amizade, relacionamentos românticos, posição e boas maneiras e muito mais assim como foi Jane Austen em meados de 1800. O CLUBE DE LEITURA DE JANE AUSTEN revela a vida de um grupo de amigas nos tempos de hoje através do mordaz ponto de vista de sua heroína literária.Seis membros do clube do livro, seis livros de Austen, seis histórias entrelaçadas durante seis meses no moderno e ocupado cenário de Sacramento, onde a cidade e o relaxado subúrbio encontram a beleza natural. Enquanto as histórias contemporâneas nunca tenham sido parecidas com as de Austen, as cinco personagens encontram semelhanças, prognósticos, sabedoria e conselhos sobre suas próprias trajetórias em meio as narrativas de Austen.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Capriche e Relaxe

Dusbons e Digrátis!

O Haicai chegou no Brasil no início do século 20. É um poema clássico de origem japonesa que obedece quatro regras:
1- Consiste em 17 sílabas japonesas, divididas em três versos de 5, 7 e 5 sílabas
2- Contém alguma referência à natureza (diferente da natureza humana)
3- Refere-se a um evento particular (ou seja, não é uma generalização)
4- Apresenta tal evento como "acontecendo agora", e não no passado
O principal haicaísta foi Matsuô Bashô (1644-1694), que se dedicou a fazer desse tipo de poesia uma prática espiritual. No Brasil temos Guilherme de Almeida, Masuda Goga, Teruko Oda, Alice Ruiz e o inesquecível cachorro louco Paulo Leminski.

a noite
me pinga uma estrela no olho
e passa
(Paulo Leminski no livro Caprichos e Relaxos)

Se não fosse escrava do trabalho eu iria.
Fotografia, Haikai e outros Poemas.
Sesi Vila Leopoldina - De 04/08 a 08/08
Das 14:00 às 17:00hs - Vagas Limitadas.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

O Cavaleiro das Trevas

The Dark Knight - em SP, na estréia, Jardim Sul - 18/07/2008

Menino ou menina, não tenha medo do Morcego (nem do Coringa). Corra pro cinema mais perto e ouça o que o(s) mascarado(s) tem pra dizer. Conto dos bons que nem te conto.

Bruce Wayne ainda tem charme e uma capa que seduz. E, Heath Ledger agora será eterno como o psicopata Senhor Coringa. Se alguém na fila cantar a musiquinha "a mocinha morre no final, quem matou foi o bandido!" , duvide. Afinal, o Duas Caras garante, só a gente escolhe nosso destino.
O coringa está de matar.
Vá sem medo e prepare-se para ver o circo pegar fogo. Afinal, nem todos estão atrás do dinheiro. Algumas pessoas, querem apenas ... se divertir.
Tá esperando o quê ? Corre pra ver!
* * *
Ficha Técnica

Título Original: The Dark Knight (EUA, 2008)
Direção: Christopher Nolan
Elenco: Christian Bale, Michael Caine, Heath Ledger, Maggie Gyllenhaal, Gary Oldman, Aaron Eckhart, Morgan Freeman, Eric Roberts, Anthony Michael Hall, Nestor Carbonell, Melinda McGraw, William Fichtner, Nathan Gamble.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Pra que discutir com Madame

Exposição (50 anos) Bossa na Oca - 13/07/2008 - Patrocínio Itaú Cultural

Uma sala de silêncio. Eu e ele frente à frente. Do lado de fora, muita gente. Fila de evento é solução certeira, curiosidades arteiras. O tal do espaço do silêncio tinha nome estranho: câmara anecóica. Segundo dito, dá pra ouvir até as batidas do próprio coração. Preferi porém abrir a boca, deixar pingar olho no olho, tentar ouvir o arrupiar da pele.

Na Oca, o silêncio, era a sala mais bossa.

Mas, na "caixa" sozinha, não senti muito bem a sensibilidade do João Gilberto, como imaginou o curador. Em 30 segundos dá tempo de pensar num milhão de coisas. De buscar canções no "inconsciente", de ver flashes de antigamente, de tentar criar uma estória. E, o silêncio fica um pouco pra depois...

My funny valentine num rodapé, Chet Baker me olhando de viés, Bardot exuberante eternizada numa lente estrangeira, Maysa na fossa toda nossa, "um homem que diz, vai, não vai" ecoava ao meu redor sob a linha do meu equador, vinil estampado, poucos achados.

Claro que muito gosto de jãos e tons, mas a megaexposição que mapeia os dedilhados da bossa, parecia frágil.

Vinícius com certeza não gostaria de ali estar, saravá! E Tom muito elegante, diria "este frio não, por favor, tragam mais calor!". João vaiaria repetindo "vaia de bêbado não vale" tragam o Cão do Vinícius engarrafado! E, Toquinho, numa aquarela... descoloriria.

Fui de mãos dadas, imaginando poesia. Mas, encontrei apenas um fusca JK, um beco sem garrafas, uma Copacabana sem praia e uma bossa tristonha.
50 anos !
O audiovisual era abundante, mas o material humano parecia raro, quase inexistente. Torci pra ver fantasmas, mas o máximo que pude ver (e sentir) foi um mar preso no teto de uma oca , deitada num sofá, enquanto uma radiola tocava canções antigas...
Nota de rodapé: mas, querendo ver, vá. se eu não tivesse ido, iria. nem que fosse pra achar ruim. afinal, "Madame tem um parafuso a menos" e gosta mesmo é de "discursão".

terça-feira, 15 de julho de 2008

O Lísias

Algumas viagens não tem preço. Ainda mais se estivermos a bordo com Kafka, Camus, Virgínia Woolf e outros autores imperdíveis, inesquecíveis e inimagináveis. Com Ricardo Lísias, durante uma semana será possível viajar na janelinha... aproveitando tudo e todos...

sábado, 12 de julho de 2008

O Muro

Acrílica sobre tela by Sônia Alves Dias

"- E agora ?
O quê ?

Foi um interrogatório ou um julgamento ?
Julgamento – respondeu o guarda.

E então ? O que eles vão fazer de nós ?

O guarda respondeu secamente:
Vocês receberão a sentença nas celas. "


Jean Paul Sartre - O Muro


Quando comprei este livro (O Muro) eu nunca havia lido Sartre realmente. Já havia passado por fragmentos, contextos históricos e outras anotações de cabeceira, mas ler mesmo com vontade de guardar alguma coisa só pra mim, não havia lido não. Frágil na época, eu queria um texto forte que me desse um soco no estômago, que me causasse estranheza e me fizesse parir alguma idéia nova pra viver. Sentia necessidade de reagir mais fortemente contra a dor da inexistência que esmagava meu coração, achei que Sartre poderia me dar isto...

Num primeiro instante, eu senti na pele os horrores de Steinbock, Ibbieta e Mirbal. Eu conhecia aquela noite (todos foram condenados a morte e aguardavam a execução numa cela sombria diante da presença de um médico que poderia até não existir... não houvera interrogatório, foram julgados-culpados). Sim, eu conhecia aquele medo, o frio, o desespero, o fim. Chance nenhuma de defesa.

Nesta hora a cabeça não para de pensar, tudo atropeladamente, de forma desordenada e sadicamente. A dor é grande, angustiante, cansativa e terrivelmente voraz. Toma conta do dedão do pé ao último fio de cabelo...

Na época, Sartre me surpreendeu.

O Fim é algo que eu não esperava.

Sorri bobamente ao fechar o livro, Kafka ainda era meu grande herói...

sábado, 5 de julho de 2008

Betty Blue Nude

acrílico s/tela by Sônia Alves Dias


BETTY BLUE (CINCO CENAS)

I

Piano, tarântula;
punho ferido
e o globo ocular
pelo desmanche
da memória.


II

(Ofélia descentrada,
banha-se em prata
de céu abortado.)


III

Paraíso clorofórmio:
inscrever o exílio
dos lábios na pele,
metalizada e muda.


IV

(Flashback)

Nereida meretriz
na gravata epitáfio;
tufos de barba
da morta madre,
como um presságio.


V

(Finale):

Ele travestiu-se
para a foice de Perséfone,
após domar a dor.
Repousa agora
o olho único da inquieta.

(Claudio Daniel, 2005)

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Cartas a um jovem poeta (1)

Rainer Maria Rilke-Cartas a um jovem poeta
Leio porque...
ainda que Kappus fosse versador ruim, Rilke era um missivista dos bons e a carta primeira já mostra a delicadeza e a simplicidade verdadeira do poeta angustiado e inadaptado que era. Escritor russo, amigo de Cézanne e do escultor Rodin, existencialista em mim, parceiro de nankim.
"Versos não são o que as pessoas imaginam:
simples sentimentos...
Eles são experiências.
Para a construção de um simples verso,
é preciso ver muitas cidades, homens e coisas,
é preciso conhecer os animais,
é preciso perceber como os pássaros voam e
conhecer o movimento que uma flor abre pela manhã"
(Os cadernos de Malte Laurids Brigge)

"PRIMEIRA CARTA"
Paris, 17 de Fevereiro de 1903

(fragmento 1)
"... dir-lhe-ei ainda que seus versos não possuem feição própria somente acenos discretos e velados de personalidade. É o que sinto com maior clareza no último poema, "Minha Alma". Aí, algo de peculiar procura expressão e forma. No belo poema "A Leopardi" talvez uma espécie de parentesco com esse grande solitário esteja apontando. No entanto, as poesias nada têm ainda de próprio e de independente, nem mesmo a última, nem mesmo a dirigida a Leopardi. Sua amável carta que as acompanha não deixou de me explicar certa insuficiência que senti ao ler seus versos, sem que a pudesse definir explicitamente. Pergunta se os seus versos são bons. Pergunta-o a mim, depois de o ter perguntado a outras pessoas. Manda-os a periódicos, compara-os com outras poesias e inquieta-se quando suas tentativas são recusadas por um ou outro redator. Pois bem - usando da licença que me deu de aconselhá-lo - peço-lhe que deixe tudo isso."

Cartas a um jovem poeta (2)

Rainer Maria Rilke-Cartas a um jovem poeta


(fragmento 2)

"O senhor está olhando para fora, e é justamente o que menos deveria fazer neste momento. Ninguém o pode aconselhar ou ajudar, - ninguém. Não há senão um caminho. Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranqüila de sua noite:"Sou mesmo forçado a escrever?" Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar àquela pergunta severa por um forte e simples "sou", então construa a sua vida de acordo com esta necessidade. Sua vida, até em sua hora mais indiferente e anódina, deverá tornar-se o sinal e o testemunho de tal pressão. Aproxime-se então da natureza. Depois procure, como se fosse o primeiro homem, dizer o que vê, vive, ama e perde."

Cartas a um jovem poeta (3)

Rainer Maria Rilke-Cartas a um jovem poeta


"Não escreva poesias de amor. Evite de início as formas usuais e demasiado comuns: são essas as mais difíceis, pois precisa-se de uma força grande e amadurecida para se produzir algo de pessoal num domínio em que sobram tradições boas, algumas brilhantes. Eis por que deve fugir dos motivos gerais para aqueles que a sua própria existência cotidiana lhe oferece; relate tudo isso com íntima e humilde sinceridade. Utilize, para se exprimir, as coisas de seu ambiente, as imagens de seus sonhos e os objetos de suas lembranças. Se a própria existência cotidiana lhe parecer pobre, não a acuse. Acuse a si mesmo, diga consigo que não é bastante poeta para extrair as suas riquezas. Para o criador, com efeito, não há pobreza nem lugar mesquinho e indiferente. Mesmo que se encontrasse numa prisão, cujas paredes impedissem todos os ruídos do mundo de chegar aos seus ouvidos, não lhe ficaria sempre sua infância, essa esplêndida e régia riqueza, esse tesouro de recordações? Volte a atenção para ela. Procure soerguer as sensações submersas desse longínquo passado: sua personalidade há de reforçar-se, sua solidão há de alargar-se e transformar-se numa habitação entre lusco e fusco diante da qual o ruído dos outros passa longe, sem nela penetrar. Se depois desta volta para dentro, deste ensimesmar-se, brotarem versos, não mais pensará em perguntar seja a quem for se são bons. Nem tão pouco tentará interessar as revistas por esses seus trabalhos, pois há de ver neles sua querida propriedade natural, um pedaço e uma voz de sua vida. "

Cartas a um jovem poeta (4)

Rainer Maria Rilke-Cartas a um jovem poeta

"Uma obra de arte é boa quando nasceu por necessidade. Neste caráter de origem está o seu critério, - o único existente. Também, meu prezado senhor, não lhe posso dar outro conselho fora deste: entrar em si e examinar as profundidades de onde jorra a sua vida; na fonte desta é que encontrará a resposta à questão de saber se deve criar. Aceite-a tal como se lhe apresentar à primeira vista sem procurar interpretá-la. Talvez venha significar que o senhor é chamado a ser um artista. Nesse caso aceite o destino e carregue-o com seu peso e sua grandeza, sem nunca se preocupar com recompensa que possa vir de fora. O criador, com efeito, deve ser um mundo para si mesmo e encontrar tudo em si e nessa natureza a que se aliou.Mas talvez se dê o caso de, após essa descida em si mesmo e em seu âmago solitário, ter o senhor de renunciar a se tornar poeta."