sexta-feira, 30 de abril de 2010


Faz pouco tempo que re-assisti Bonnie & Clyde. E, mesmo a película tendo envelhecido um pouco, o filme continua bom.

O romance baseado na história real de Bonnie Parker e Clyde Barrow, o casal de assaltantes mais aterrorizante dos Estados Unidos, foi imortalizado pelo Warren Beatty (que além de produzir ainda foi o famigerado Bonnie)

O filme quebrou diversos tabus e foi um campeão de bilheteria e crítica, muito popular entre a geração jovem dos anos 60. Influenciado pela nouvelle vague francesa, o filme é famoso tanto por sua montagem acelerada quanto por suas rápidas mudanças do tom da narrativa, passando rapidamente do humor para a violência mais exacerbada.

O slogan era ótimo:

"Eles são jovens... eles se amam... e eles matam pessoas!"

Melodia Sentimental


Eu queria ser muito mais musical. Queria ser uma estudiosa, uma devotada, uma arqueóloga de cifras e harmonias. Queria ser acordada diariamente por bémois e sustenidos. Mas, eu não sou. E, tenho certeza, nunca serei.

Não porque não queira, mas porque sinto, que este saber quase metafísico não está gravado no meu cordão umbilical, embora permeie minha mente e todos os meus sentidos constantemente.

Eu gosto de boa música, gosto de bons compositores, gosto de grandes cantores. E, por eles me guio e os sigo, por aí... para ver se em mim, brota mais conhecer. 

Villa-Lobos é um deles. Mesmo morto, mesmo posto, ainda o sinto vivo, tão presente quanto possível. E, quando me deito pra ver a lua, só a Melodia Sentimental é capaz de traduzir toda esta imensidão, toda esta perfeição, deste grande brasileiro.

Se você é um pouco como eu, se for mais ou se for menos, vamos nos encontrar na linda Casa de Francisca e juntos brindaremos, ao Maestro.


* * *

Em sua primeira viagem a Paris, em 1923, Villa-Lobos encontra uma cidade onde Debussy - uma de suas grandes inspirações - já não é mais vanguarda e artistas e intelectuais da efervescente capital francesa voltam seus olhos e ouvidos aos compositores russos - como Igor Stravinsky -, que fazem música original, moderna e de caráter nacionalista. Nesse espetáculo, o Projeto B explora as experiências de Villa-Lobos a partir de sua primeira ida a Paris e seu contato com a música de Igor Stravinsky. Yvo Ursini (guitarra, ruídos, arranjos e composição), Leonardo Muniz (sax alto, clarinete e composição), Vicente Falek (piano, sanfona, arranjos e composição), Amilcar Rodrigues (trompete, cornet e flugelhorn), Henrique Alves (baixo) e Maurício Caetano (bateria).

às 22h30

Casa de Francisca
R. José Maria Lisboa, 190 (Jardim Paulista )
Tel: (11) 3493-5717
R$ 26,00

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A costura do invisível


"Precisamos desnudar a nossa alma para revelar a capacidade de sermos leves, sonhar com indizíveis, impossíveis, inexplicáveis, indefiníveis. Há um possível ainda invisível no real."- Jum Nakao


Não sou uma moça prendada de forno e fogão, de colarinhos e botões e outras miudezas. Mas, se fosse para criar, eu queria ser assim, buscando o impossível, costurando o invisível. Gosto muito dos trabalhos lindos do Nakao... tudo tão lúdico, tão mágico e encantador...

Fazendo perguntas, tu ouvirias respostas.

E a moça ? De que lugar teria vindo? Que caminhos teria pisado? Que insuspeita das descobertas teria feito? Tu olharias a moça mas, as perguntas não acorrendo, o mistério que a envolveria seria desfeito -uma moça vestida de azul, sentada no chão de uma praça sem lago. Não poderias saber nada de mais absoluto sobre ela, a não ser ela própria. Fazendo perguntas, tu ouvirias respostas. Nas respostas ela poderia mentir, dissimular, e a realidade que estava sendo, a realidade que agora era, seria quebrada. pois, não fazendo perguntas, tu aceitarias a moça completamente. Desconhecida, ela seria mais completa que todo um inventário sobre o seu passado. Descobririas que as coisas e as pessoas só o são em totalidade quando não existem perguntas, ou quando essas perguntas não são feitas. Que a maneirar mais absoluta de aceitar alguém ou alguma coisa seria justamente não falar, não perguntar -mas ver! Em silêncio."


Caio Fernando de Abreu 
Fragmento do conto PONTO DE FUGA, do livro Inventário do Irremediável.

Se eu pudesse, eu me atava a esse amor...


Show no Auditório do Ibirapuera / 2009 - Eu queria subir no palco, queria sim.

Vaga-lume
(Renato Braz / Mario Gil)


Se esse moço entendesse a minha sina
Tanto choro deixava de chorar
Se eu seguisse a paixão que sinto agora
Eu deixava esse moço me levar


Se eu pudesse, eu me atava a esse amor
Mas com medo não posso me arriscar
Vivo como um vaga-lume
Me acendo em cada olhar


Cada rosto que vejo da janela
Cada sonho que passo a sonhar
Se eu soubesse eu negava a minha sina
E deixava esse moço me levar


Se eu pudesse, eu jurava o meu amor
Mas em mim Deus não vai acreditar
Nem os santos me escutam
Nem ao menos sei rezar

terça-feira, 27 de abril de 2010

Dormício


Cama de Romeu e Julieta, por Bispo do Rosário


Dormício (ou passagem para outra vida)

Nesta cama, feita de linhas e delírios ela se deitava despida de dias e de noites. Nela, adormecia repleta de pesadelos. Nela, acordava gritando, uivando, chorando, toda arranhada, descabelada, desconfigurada. Nela, se escondia em silêncios invernais. Nela, contava ponto por ponto como se tivesse costurado cada alinhavo, cada babado, cada detalhe imaculadamente sagrado. Nesta cama dura, o mundo não lhe sorria, não lhe cabia e, Romeu, nunca apareceu para morrer envenenado ao seu lado. Nesta cama, de véu e voial, o seu cheiro era antigo, tal qual o de Tutankamon em sua máscara mortuária. Nesta cama de dossel de madeira, ela escondia livros puídos debaixo do colchão, entre as ripas apodrecidas e os lençóis desfeitos pelo tempo. Nela, escrevia, grifava e reescrevia, página por página a sua própria história. Sem convulsões, alucinava. Mas, nesta cama antiga, feita pelo Bispo, não havia maldição. E, sendo a Moça, uma nascida no dia do Dormício, mais tarde celebrado como Assunção de Nossa Senhora, deveria ser sim, a mais católica e fervorosa das Santas Moças de Todos os Tempos. Mas, não era. E, no Rosário do Bispo se fiava. Louca, não, mas feito retrós de linha, se enrolava e desenrolava em querências e ardências, inquietações e motins, fazendo a si mesma, perguntas em forma de cavalo-marinho. Até que exaurida, adormecia, na cama que fora feita para a Julieta do Romeu.

Perguntas em forma de cavalo marinho

Foto Arquivo Pessoal - Sônia Alves Dias

 
Perguntas em forma de cavalo marinho
( Carlos Drummond de Andrade )


* * *


Que metro serve
para medir-nos?
Que forma é nossa
e que conteúdo?

Contemos algo?
Somos contidos?
Dão-nos um nome?
Estamos vivos?

A que aspiramos?
Que possuímos?
Que relembramos?
Onde jazemos?

(Nunca se finda
nem se criara.
Mistério é o tempo
inigualável.)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Sombração


Essa moça

(Mario Gil e Paulo César Pinheiro)


Ah ! como é bonita
Essa moça que me fita
É pra mim visão bendita
Quem lhe fez teve a visita
De Orfeu, de Deus, de artista
De artesão

Ah ! essa senhora
A mulher que me namora
Como é bela à luz da aurora
Mão se Deus ! chega, apavora
Que parece em certas horas
Sombração

Agradeço tanto
Ter em mim esse dom santo
De fazer teu corpo um manto
Me vestindo desse encanto
De paixão, de amor, de espanto
De ilusão

Vou nesse momento
Pela luz do firmamento
Te fazer um juramento
Te entregar meu sentimento
Até quanto eu tenha dentro 
Coração



Ouça AQUI

Lua redonda pra navegar

Ciro William, meu arquivo pessoal.

Basta eu falar em Boto por aqui, que o marido já põe o chapéu e me tira para bailar nas verdes águas do rio, cantando assim...


Bôto
Tom Jobim

Na praia de dentro tem areia
Na praia de fora tem o mar
Um bôto casado com sereia
Navega num rio pelo mar

O corpo de um bicho deu na praia
E a alma perdida quer voltar
Caranguejo conversa com arraia
Marcando a viagem pelo ar

Ainda ontem vim de lá do Pilar
Ainda ontem vim de lá do Pilar
Já tô com vontade de ir por aí
Ontem vim de lá do Pilar
Ontem vim de lá do Pilar
Com vontade de ir por aí

Na ilha deserta o sol desmaia
Do alto do morro vê-se o mar
Papagaio discute com jandaia
Se o homem foi feito pra voar

Cristina, Cristina
Cristina, Cristina
Desperta, desperta
Desperta, desperta
Vem cá
ah - ah
(orquestra)

Inhambu cantou lá na floresta

E o velho jereba fêz-se ao ar
Sapo querendo entrar na festa
Viola pesada pra voar
Ainda ontem etc...
Ontem vim etc...

Camiranga urubu mestre do vento
Urubu caçador mestre do ar
Urutau cantando num lamento
Pra lua redonda navegar
Ainda ontem etc...
Ontem vim etc...
ah - ah

Na enseada negra vista em sonho
Dorme um veleiro sobre o mar
No espelho das aguas refletido
Navega um veleiro pelo ar



e eu sereia, me engraço nas graças dele e desmaio na ilha deserta, sem querer despertar...


domingo, 25 de abril de 2010

Rimbaud em mim



"Eu escrevia silêncios, noites, anotava o inexprimível. Fixava vertigens"


Arthur Rimbaud

Dança pra chovê, trovão

último show que fui, em 2009, comecei a cantar... mas, chorei e parei.


Mário Gil é paixão antiga, destas que a gente põe debaixo do travesseiro e sonha que é pra vida toda... 

Quando o conheci, ele era o moço da Luz do Cais, tão bonito ele... Feito Boto que enfeitiça , me encantou. E, desde então sigo-o por aí, quando ele aparece. Porque ele não aparece muito não. É arredio, de olhar sereno, de nenhuma conversa de botequim. É Boto, eu digo. Tem uma voz que me emociona, e é comum eu chorar quando canto junto dele (claro que ele não sabe disto, nem eu nunca contarei, é segredo). Não adianta dar um google nele, bem pouco se sabe, bem pouco se viu, aparece ˜vezemquando" e some de novo, quando não está no palco nem sei quem ele é.

Poucos são os que me tocam a alma. Ele me toca. Quando lentamente, acorda a violão, o ar vai se enchendo de sentimentos. Eu choro, de verdade, choro sempre. Tenho vontade de escrever um bilhete e pendurar no céu "estou pronta, meu deus, me leva" . 

Se fosse para partir, queria ir ouvindo Mário Gil. Cálido, quase sacro, simples, sofisticado, erudito, monumental.

Se você encontrar com ele ao acaso, fale de mim. Não muito, pois toda a sua voz está entregue à música. Diga apenas, que sou a Moça, uma moça... que Sinházinha, ainda dança pra chovê, trovão.

Mas que ele é Boto, ah é, eu sei.


A Lenda do Boto 
É tradição junina do povo da Amazônia festejar o nascimento de Santo Antonio, São João e São Pedro. Em estas noites se fazem fogueiras, se atiram foguetes enquanto se desfrutam de comidas típicas e se dançam quadrilhas e outras danças ao som alegre das sanfonas.
As lendas contam que em estas noites, quando as pessoas estão distraídas celebrando, o boto rosado aparece transformado em um bonito e elegante rapaz mas sempre usando um chapéu, porque sua transformação nao é completa, pois suas narinas se encontram no topo de sua cabeça fazendo um buraco.
Como um cavalheiro, ele conquista e encanta a primeira jovem bonita que ele encontra e a leva para o fundo do rio.
Durante estas festividades, quando um homem aparece usando um chapéu, as pessoas pedem para que ele o retire para que não pensem que ele é um boto...

Labirintos e alçapões




"E eis que, menos sábios do que antes; 
os seus lábios ofegantes; 
hão de se entregar assim: 
me leve até o fim"


Chico Buarque - Choro Bandido

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Amor ciego



Para começar, tem as cores de Almodóvar (que adoro), para começar tem a Penélope Cruz (que eu acho linda e sensual demais), para começar tem referências à Audrey Hepburn (minha bonequinha de luxo), para começar tem uma estória de amor (que romanticamente reinvento de acordo com a película lúdica do cinema), por fim tem um roteiro bem costurado, singelo e dramaticamente rasgado, como Almodóvar.

Fui na Mostra de Cinema ver, lotada que estava não vi. Agora sossegada, com chuva caindo do céu, parece que o filme é mais poesia. Tão bonito... tão bonito... feche os olhos e vá ao cinema.

http://www.losabrazosrotos.com

Sinopse: Há 14 anos, o cineasta Mateo Blanco (Lluís Homar) sofreu um trágico acidente de carro, no qual perdeu simultaneamente a visão e sua grande paixão, Lena (Penélope Cruz). Sofrendo aparentemente de perda de memória, abandonou sua posição de cineasta e preservou apenas seu lado de escritor, cujo pseudônimo é Harry Caine. Um dia Diego (Tamar Novas), filho de sua antiga e fiel diretora de produção, sofre um acidente, e Harry vai em seu socorro. Quando o jovem indaga Harry sobre seus dias de cineasta, o amargurado homem revela se lembrar de detalhes marcantes de sua vida e do acidente.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

A estrada que liga o 'nada a coisa nenhuma'

                                

Durante muitos anos, Juscelino para mim, era a capa desta revista. E, além da capa da revista ele era o dono de Brasília. E, além de ser a capa e o dono, ele fora morto. Sim, fora morto. E-M-B-O-S-C-A-D-O ... A-S-S-A-S-S-I-N-A-D-O. 

As imagens desta revista (da semana de agosto de 1976) mostrava bem a trajetória do Senhor Juscelino Kubitschek (até hoje me atrapalho pra escrever este sobrenome) e gostaria que soubessem, eu não inventei nada disto.

Eu tinha 4 anos quando o Juscelino morreu. Mas, eu vivi 30 anos vendo meu Pai pegar esta revista, manusear com todo o cuidado do mundo e contar sempre a mesma história.

Durante muito tempo, eu não tinha a mínima idéia de onde era Brasília. Mas, sabia que  meu pai teve um terreno lá, porém como nunca foi desbravar, o terreno perdeu o dono e nós nunca viajamos para conhecer a Brasília do Sêo Juscelino.

Meu pai era um homem politizado e se havia algo que ele gostava na vida que Deus lhe deu (além do Santos e de pistache) era de política. Ele sabia tudo o que se podia imaginar e mais ainda do que a imaginação dele podia criar. De conspirações à traições, de partidários e reacionários, qualquer sigla, qualquer candidato, qualquer governante antigo ele sabia... de tudo, tudinho mesmo.

Eu não herdei dele esta sapiência. Se duvidar, não sei nem quem foi o primeiro presidente do Brasil, quanto mais  TODOS os presidentes. Mas, ele era meu pai-sabe-tudo e o Juscelino dele tá guardado comigo e comigo morrerá.

BRASÍLIA completa 50 anos.

De lá eu me lembro deste tal terreno (que nunca vimos) , da Legião Urbana que foi minha paixão adolescente e do Presidente Juscelino Kubitschek (que pra mim nasceu quando morreu, pois se não fosse os tantos anos desta revista ele nem na minha imaginação estaria).

Meu Pai não vive mais e se vivesse, hoje - com certeza - pegaria a Manchete de 76 e passaria horas contando sobre Brasília que ia do nada à lugar nenhum, que nasceu do zero, e que tinha o lema:

50 anos em 5!

Brasília hoje é uma vergonha. E, motivo mesmo, não tem pra comemorar. Mas, meu pai com sua revista antiga me mostraria coisas que nem imagino,  então tudo faria sentido novamente e a nossa estrada estaria ligada, como sempre, pra sempre.

Inconfidência

Despojos de Tiradentes - Cândido Portinari


Quando eu era criança , Tiradentes esquartejado, me emocionava. 

Achava que era foto real, mas hoje entendo que era Portinari.


Mais real ainda...

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Ossário


www.uiadiario.com.br

Durante várias madrugadas, utilizando apenas retalhos de tecido, Alexandre Orion limpou seletivamente a grossa camada de fuligem que recobria as laterais de diversos túneis da cidade de São Paulo. Orion revelou na poluição milhares de crânios e transformou os túneis em catacumbas. Nascia Ossário.

Nesta exposição, uma instalação recria a atmosfera dos lugares pelos quais o artista passou e, por meio de fotografias, vídeos e textos, apresenta o processo de criação, as interferências do poder público e o desfecho desta que é uma das mais importantes intervenções efêmeras já realizadas.

até 9 de maio - CCBB
terça a domingo, das 10h às 20h
Rua Álvares Penteado, 112 - Centro - Subsolo
entrada franca
classificação indicativa: Livre

* * *

Alexandre Orion flagrava como suas intervenções se misturavam
com as pessoas que passavam pela rua

por Gilberto Dimenstein
Ao passar madrugadas desenhando centenas de caveiras em túneis paulistanos, o artista plástico Alexandre Orion descobriu um inusitado ingrediente para pintar quadros: a fuligem liberada pelos automóveis, que fica aglomerada em camadas negras nas paredes de cerâmica.
Aprendeu a fazer daquele pó ingrediente para uma tinta. Essa tinta nasceu por acaso, quando Alexandre resolveu criar uma obra, intitulada “Ossário”, em um túnel (o Max Feffer), na avenida Cidade Jardim. “A cor original daquele túnel era o amarelo, mas, com o tempo, as paredes ganharam um aspecto cinza até se tornarem completamente negras.”
Panos úmidos dão forma às caveiras amontoadas, transmitindo a sensação de que os motoristas estariam entrando em uma escavação arqueológica. “Quis fazer dessa caverna urbana uma catacumba.”
Foram semanas produzindo esse “ossário”. Os panos, imundos, eram levados para a sua casa e ficavam num balde de água. Na manhã seguinte, parte daquela fuligem estava separada no fundo. “Olhei para aquilo e vi símbolos de uma cidade.”
Veio, então, a idéia de pintar quadros com cenas urbanas, transformando a fuligem em pigmento para a tinta. Ele próprio sentia-se misturado a toda aquela fuligem. “Quando voltava para casa, apesar de ter usado máscaras, estava tonto e enjoado. Parecia que os banhos não me limpavam.”
O caos paulistano sempre envolveu todos os sentidos de Alexandre. Nasceu e sempre morou em ruas movimentadas, com muito barulho e poluição. “Os carros não paravam.” Adolescente, aventurou-se pelo grafite, preenchendo espaços em viadutos e muros em torno das avenidas mais agitadas da cidade. “São Paulo é, além de fonte de inspiração, um ateliê e uma galeria aberta.”
Alexandre se destacou, porém, quando uniu desenhos à fotografia, misturando fantasia e realidade na paisagem paulistana.
Primeiro, fazia as intervenções nos muros e, depois, flagrava como suas intervenções se misturavam com as pessoas que passavam pela rua. Alexandre mostrou essa obra inicialmente na Pinacoteca e, em seguida, rumou para Nova York, São Francisco e Roterdã (Holanda).
O “Ossário” acabou ganhando vida. Incomoda a intervenção macabra, tanto que a prefeitura tratou de limpar melhor o túnel Max Feffer. Alexandre procurou, então, outros túneis, mas percebeu que aquelas caveiras já tinham cumprido sua missão e tratou de experimentar a tinta à base de fuligem. Notou que exibiam força na tela. Neste mês, uma série de dez quadros nascidos daquela experiência nos túneis vai para uma exposição.
“A cidade é minha matéria-prima”, conta, preocupado em transmitir, em suas intervenções, as várias poluições urbanas.
mais informações: (11) 3113-3651/5

domingo, 11 de abril de 2010

Paris, meu amor.



Gosto da minha vida inventada. Nela, sou moça fina de Paris. Não da Paris de hoje, mas daquela... de antigamente. 

Baudelaire foi meu caso mais sério. Mas, minha vida inventada não permitia tantos apegos, chamegos sim, eternidades não. Dela brotou Paraísos Artificiais...

Rodin fez para mim, A Porta do Inferno... porque vocês devem imaginar, não sou moça fácil de iludir não. Se é pra viver do meu amor, precisa me abrir as portas (do coração, do intelecto, das artes ou do Inferno), Rodin escolheu a do Inferno para eu morar ... e entramos juntos, até que Camille Claudel apareceu e eu parti.

Jean-Paul Charles Aymard Sartre.

Nunca me importei com  Simone, nunca me importei com a idade, nunca me importei com nada... Com Jean-Paul eu era a mais real das mulheres, eu existia e bastava-me.

Flaubert, aquele rufião, me eternizou em Madame Bovary (eu era Emma e Rodolphe me amava!)... bons tempos, aqueles.

Minha vida inventada comporta tantas loucuras, tantas luxúrias ... mas, agora não é a hora de abrir meus diários secretos, mais tarde, à noite, quando todas as cortinas estiverem fechadas eu passarei por aqui, para contar sobre Paris, aquela antiga ... na qual eu colocava espartilhos vermelhos e me perdia nos Bals Masqués.


Pedras no sapato

imagem: foto de arquivo pessoal sonia alves dias


JOELHO DOS PINGOS MOLHADOS - Fao Carreira


capítulo - II - 


"A face mais linda imaginada. 

Eu olhei por cima dos ombros no canto do quarto aqueles sapatos marrentos, eu tive dó, pena, eu tive verdadeira tristeza, aqueles sapatos bolorentos eram tão meus quanto os seus."

Eu abrigo em meu peito

imagem: foto de arquivo pessoal sonia alves dias

insustentável 
leveza
DE
ser




"... Para Tereza, o livro era sinal de reconhecimento de uma fraternidade secreta. Contra o mundo de grosseria que a cercava, não tinha efetivamente senão uma arma: os livros que pedia emprestados na biblioteca municipal; sobretudo os romances: lia-os em quantidade, de Fielding a Thomas Mann. Eles não só lhe ofereciam a possibilidade de uma elevação imaginária, arrancando-a de uma vida que não lhe trazia nenhuma satisfação, mas tinnham também um significado como objetos: gostava de passear na rua com um livro debaixo do braço. Eram para ela aquilo que uma elegante bengala era para um dândi do século passado. Eles a distinguiam dos outros..."

Ligações Perigosas

imagem: foto de arquivo pessoal sonia alves dias

Sou uma Marquesa (não a de Merteuil, mas quem sabe ela). Romântica incurável, acredito que deveria esperar tudo dos outros (e doar sempre o melhor de mim). Mas, assim, como nas Ligações Perigosas, a gente nem sabe quem é, quem o outro é, quem seremos juntos, como seremos dia à dia, um após o outro.

O melhor de não saber quanto tempo viveremos, é acreditar que hoje é o nosso último dia e portanto nada mais importa.

Sou uma romântica incurável, não quero nunca que ninguém arranque isto de mim...

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Com chuva e Salmaso, Sujeito a guincho!


   Neste final de semana, tire a galocha do armário e solte o freio...

Balzaquianas


Mesmo não tendo filhos, eu gostava muito do seriado "Mothern" da GNT.

Atualmente três moças da série estão no espetáculo CONFISSÕES DAS MULHERES DE 30 (e a Fernadinha D´Umbra que era a 4º Mothern, está botando as feras pra fora e mandando muito bem com a sua banda Fábrica de Animais). No palco elas contam sobre esta idade balzaquiana com todos os seus dilemas, realizações e frustrações. Tem casamento, filhos, trabalho, cotidiano e se duvidar, até poesia.

Eu pretendo passar por lá para conferir, pra me ver por aí, em reflexos alheios...

Local: Teatro Folha
Estreia: 2 de abril
Temporada: Até 27 de junho
Horários: Sexta, às 21h30; sábado, às 20h30 e 22h; domingo, às 20h

Ingressos:
Sexta e domingo: R$ 40 (setor 2) e R$ 50 (setor 1) 
Sábado: R$ 50 (setor 2) e R$ 60 (setor 1)
Duração: 60 minutos
Classificação etária: 14 anos

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Here is my confession



Quando chove eu fico rouca e canto com a Macy Gray, bem baixinho "I'll keep my cool but I'm feinding... boy I need your touch"

I Try
Macy Gray


Games, changes and fears
When will they go from here?
When will they stop?
I believe that fate has brought us here
And we should be together babe, but we're not
I play it off but I'm dreaming of you
I'll keep my cool but I'm feinding


I try to say good-bye and I choke
I try to walk away and I stumble
Though I try to hide it, it's clear
My world crumbles when you are not near
Good-bye and I choke
I try to walk away and I stumble
Though I try to hide it, it's clear,
My world crumbles when you are not near
I may appear to be free but I'm just a prisoner of your love
I may seem all right and smile when you leave
But my smiles are just a front
I play it off but I'm dreaming of you
I'll keep my cool but I'm feinding


I try to say good-bye and I choke
I try to walk away and I stumble
Though I try to hide it, it's clear
My world crumbles when you are not near
Good-bye and I choke
I try to walk away and I stumble
Though I try to hide it, it's clear,
My world crumbles when you are not near


Here is my confession
May I be your possession
Boy I need your touch
Your love kisses and such
With all my might I try but this I can't deny


I play it off but I'm dreaming of you
I'll keep my cool but I'm feinding


I try to say good-bye and I choke
I try to walk away and I stumble
Though I try to hide it, it's clear,
My world crumbles when you are not near
Good-bye and I choke
I try to walk away and I stumble
Though I try to hide it, it's clear,
My world crumbles when you are not near


... enquanto chove, eu canto, baixinho "I'll keep my cool but I'm feinding... boy I need your touch"

Não seja carta fora do baralho


Quando o melhor a fazer é o silêncio ...


" Sempre foi muito natural a presença do violão na Casa de Francisca. Desde o início, quando ainda insistíamos com o silêncio durante as apresentações, o violão foi um dos instrumentos que talvez mais agradeceu esse mínimo que poderíamos fazer. Infelizmente é raro poder ouvir na maioria dos espaços musicais da cidade esse instrumento acústico ou semi-acústico, já que não se tem muito o hábito de ouvi-lo em silêncio ou sem a hierarquia da canção. Chico Saraiva foi um dos primeiros a trazer à Casa seu trabalho instrumental que não só exigia silêncio para ser apreciado, mas delicadeza para ser ouvido sem o habitual conduzir das palavras. Mesmo Chico teve um estranhamento inicial a proposta da Casa, mas depois que rompeu a dificuldade natural de lidar tão de perto com o silêncio do outro, tornou-se parceiro constante em nossa programação e nos apresentou outros grande músicos, como acontece nessa semana do violão. O duo Saraiva-Murray, a atração mais jovem dessa programação, de certa forma se desenvolveu a presentando-se na Casa e propiciou encontros com músicos de outros países, além de apresentações na França, Inglaterra e Portugal. Nesse dia a Casa oferecerá metade da entrada*, como forma de celebrar os encontros, as experimentações - que sempre foram um dos maiores incentivos que tivemos - e os grandes nomes do violão brasileiro... celebremos o (em) silêncio."

Guinga, aí vou eu...


terça-feira, 6 de abril de 2010

Não mude um fio de cabelo por mim...

Quando chove, eu encontro o encanto ao acaso...


 
My funny Valentine
(Chet Baker)

 
My funny Valentine
Sweet comic Valentine
You make me smile with my heart
Your looks are laughable
Unphotographable
Yet you're my favourite work of art

Is your figure less than Greek
Is your mouth a little weak
When you open it to speak
Are you smart?

But don't change a hair for me
Not if you care for me
Stay little Valentine stay
Each day is Valentine's day

Is your figure less than Greek
Is your mouth a little weak
When you open it to speak
Are you smart?

But don't you change one hair for me
Not if you care for me
Stay little Valentine stay
Each day is Valentine's day