Mostrando postagens com marcador Série: Se eu seria personagem. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Série: Se eu seria personagem. Mostrar todas as postagens

sábado, 5 de junho de 2010

Moça de tela na janela

foto arquivo pessoal: janela na cidade de São Pedro


Abriu a janela procurando a Rosa do Pequeno Príncipe, tinha certeza que a encontraria no jardim. Mas, o dia nublado não mostrou as delicadezas e miúdezas dos pequenos seres imaginários...

Sozinha, na pousada azul, ouviu o sino da Igreja Matriz tocando... gostou (imaginou que se ouvisse todo dia não gostaria, mas ali, naquele friozinho se sentiu confortada... com Deus chamando os fiéis para entrar na sua casa quentinha).

Tinha poucas memórias, a Moça de tela na janela. E, nem sequer entendia seus sonhos, tampouco sua frágil realidade.

Mas, imaginava, como sempre imaginava... que um dia todos os mistérios seriam revelados e a janela aberta encontraria uma rosa vermelha, pequena e indolente, abrindo os braços no jardim...

“Não soube compreender coisa alguma!
Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas palavras.
Ela me perfumava, me iluminava... Não devia jamais ter fugido.
Deveria ter-lhe adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis.
São tão contraditórias as flores!
Mas eu era jovem demais para saber amar.”

O pequeno príncipe – Antoine de Saint Exupéry

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Apague a luz



numa sexta enforcada pós feriado
"Eu simplesmente não sei o que fazer comigo mesmo"

mas imaginar ser a Kate Moss por uma noite (ou várias)

eu queria, seria... intensamente...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

No intervalo...

... do almoço, eu limpo minha mesa de trabalho. Pego o jornal do dia e recorto todas as matérias que me interessam. Classifico por música, literatura, artes diversas, inutilidades, tirinhas pra guardar e tirinhas pra mandar por correio pra amigos viciados em personagens coloridos.
Insuportavelmente chata com meus papéis, bem sei, eu sou. Meus recortes, são meus. Não vão pro lixo, não podem ficar amassados, e só colo quando eu quiser e onde eu quiser.
Às vezes, seleciono um para agenda, às vezes mando algum por carta, às vezes deixo solto ao léu para ser achado por uns 'alguéns'. Às vezes, colo no caderno que lhe pertence: de música, literatura, artes diversas, inutilidades e pro "tirinhas tiradas ao acaso"... Mas, às vezes, vai tudo (e é muito tanto) pras minhas caixas de recortes. E, as caixas crescem e se multiplicam, porque meu tempo é infinitamente menor do que eu gostaria e, recortar jornais e, ler notícias pequeninas (tipo a nota do falecimento do meu querido Gigante, numa página que não era de mortes...) e, achar raridades ou apenas similaridades (claro, porque às vezes, eu recorto a mesma notícia em jornais diferentes!) é um trabalho delicado, que leva tempo, que me faz refletir, que me faz meditar, descansar de computador, brincar com a tesoura e que me transporta para além do espaço que me cerca.
É transtornante, bem sei (e meu marido sabe muito mais, e por conta disto jornais em casa são quase proibidos, quase...). Toc-toc incurável, que preservo. De tempos antigos, longínquos. De imagens sutis, gentis. De vício que me domina, e do qual não me livro, não me liberto e não me desvio.
Meus jornais, contam uma história que só eu decifro (ou devoro) ?

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Fragmentos

carta enviada para Monte Mor em 25/07/2008


É assim que é: de letras tortas, de escritas mortas, se reconstrói vidas. Tudo é cíclico. Revisitar autores antigos é sempre a melhor maneira de encontrar novas seduções para o futuro. Na raiz da língua, vale a pena cavocar livros empoeirados e tirar deles mais um monte de novidades. Afinal, como já disse o Quintana "a gente nunca lê o mesmo livro, embora o livro seja o mesmo de sempre"

Detalhe:

Anjo da meia noite, traz aqui uma asa pra eu voar,traz aqui uma chama para me acender, traz aqui um fogo pra me queimar. as palavras parecem estar frias, anjo torto, o personagem está vivo, mas a história não quer nascer. vou desmantelar as palavras, por favor - mon amour, não se revolva no túmulo, tem luz lá fora, só falta o verbo criar , eu me soltar , pra que tudo aconteça.

Anjo Torto

Torquato Neto, um bem dito maldito.

Moço morto no ano que nasci. Anjo torto que ligou o gás e apagou a luz. Dono de escrita escura. Daquelas que nos assombram com verdades quase impossíveis. Era todo ele, música, letra e fúria. Às vezes, procuro-o no espelho. Mas, há sombras demais ao meu redor...

no trópico pop
no galope e no trote
há Torquato pra todo lado

Semana para pensamento mais fundo, mais longe do que minhas mãos escavam.

sábado, 31 de maio de 2008

Se...

pincél sobre cortiça by Sônia Alves Dias
e se os olhos dela cantassem uma canção que soasse através de um piano que a levasse ao céu, ou pelos caminhos do inferno ? e se ela quisesse ser um Todo e estivesse submersa ? e se o seu corpo fosse o alicerce do nada ? e se ela quisesse beber um vinho amargo, e sua boca não alcançasse nem um copo d’água para matar a sede ?
e se o seu corpo mutante ganhasse asas e fosse um animal paleontológico que tivesse garras e estivesse preso por fios invisíveis , no meio de um cabelo desgrenhado e como objeto voador não identificado, sem forças cósmicas , caísse num rio ?
e se o rio fosse de Janeiro e no Pão de Açúcar brotasse flores e se os seus cabelos fossem crinas douradas que descessem como cascatas d’águas numa corredeira sem fim ?
e se o fruto que saísse do seu ventre estivesse morto , e há tempos congelado em seu coração amputado, e pendurado estivesse como num matadouro – exposto – com bichos a lhe devorar a alma ?
e se ela navegasse sem rumo e seus braços fossem remos fortes, feitos da melhor madeira – peroba vermelha ? e se ela deixasse que a água a tomasse inteira e ficasse lívida , lírica no grande cálice tombado sagrado ? e se não houvessem escadas que lhe conduzissem as Torres da Terra do Tombo, e se as portas não tivessem chaves, e se Ícaro irado reivindicasse suas asas e diante do sol molhado de larvas incandescentes sentisse prazer em derreter-lhe com todas as penas ?
e se seus cabelos fossem cordas violas, e se o olho do mundo zombasse dela ? e se ela não fosse mais nada ... mais barco mais rio mais ar mais vinho...
e se o copo quebrasse e se o corpo entornasse e se ela no chão se inundasse inteira ?
coletânea pessoal, Entrenoites, Sônia Alves Dias.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Retrato de uma tarde chuvosa


Rocky Balboa, olho de tigre constante. Também de tigre, os pés pequenos. E pra rugir bem alto, The Godfather, porque Brando é eterno. Vela azul, pra calmaria e fuscão preto no cinzeiro imaginário... toca telefone, toca.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Jorge da Capadócia

Hoje é dia do São Jorge, do meu Pai.

Quando eu conheci meu Pai, ao nascer, ele já era protegido de São Jorge. Tinha na carteira uma oração antiga, escrita à mão num papel já puído onde dizia que armas de fogo não o alcançariam e com as vestes de São Jorge ele andaria.

Era uma oração bonita que nos fazia acreditar que proteção maior não havia, e que a vida do meu Pai nas mãos de São Jorge sempre estaria.

Estávamos certos. Na proteção de São Jorge meu Pai sempre viveu, e no dia da sua morte, a lua do céu desceu. Que não creiam os céticos, nem eu pediria, se eu não tivesse visto, nem mesmo eu acreditaria. Mas, cantando e chorando naquela madrugada fria , Jorge da Capadócia, parecia nossa salve rainha. Pude ver um dragão no céu, e tenho certeza que na lua meu pai estava, sentado no cavalo protegido por São Jorge e nos acenando que em paz ficaria.

A oração que meu Pai carregava e que nos deixou, dizia assim:

"Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.

Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.

Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos.

Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós.

Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo. São Jorge Rogai por Nós. "

domingo, 13 de abril de 2008

O Carteiro e o Poeta


Gil de Sêo Loro, é escritor, mesmo sem nunca ter publicado nada. Há 18 anos recebe minhas cartas sem datas e me manda cartas manuscritas ou d-a-t-i-l-o-g-r-a-f-a-d-a-s.

Nele, falta a coragem de pegar os livros prontos, as poesias que lhe devoraram (a alma) e (os dias) [ e (foram muitas) e (foram muitos) ] e despachar tudo para o além de Monte Mor.

Enquanto ele não voa, corto minhas asas todos os meses e mando junto com casulos pelo correio.

É carente e pedinte de letras alheias, quem quiser escrever: escreva-lhe.
Quem sabe (n)o tempo que(m) lhe espera...