terça-feira, 30 de junho de 2009

Paletó de Brim

Sem fim
(Cacaso)

Quando me larguei lá de onde eu vim
Chão de sol à sol
Ramo de alecrim, paletó de brim
Tempo tão veloz
Não achei meu pai, minha mãe não viu
Desgarrei de nós
Quando dei por mim, um sertão sem fim

Pelo meu redor
Coração, não deixe de bater
Quando meu amor disse adeus pra mim
Eu perdi a voz
Quis dizer que sim, mas me desavim
E fiquei menor
Não chamei meu pai, minha mãe saiu
Me senti tão só

Procurei por mim e um desvão sem fim

Pelo meu redor
Coração, não deixe de bater

segunda-feira, 29 de junho de 2009

A cor da romã


Cena do filme “A Cor da Romã” (1968), de Serguey Paranajov, sobre a vida do trovador armênio Sayat Nova.

Sergei Paradjanov (1924-1990) foi um cineasta polêmico apesar dos poucos filmes que dirigiu. Pouco conhecido no Brasil , no filme A Cor do Romã, suprimiu as palavras e fez uma sequência de quadros, imagens e passagens da vida e da obra do trovador armênio Sayat Nova. Toda a sua trajetória , desde a infância até a sua morte é retratada através de seus poemas.

Não narrativo, é um filme que merece atenção, pois a linguagem do sonho que permeia os quadros é quase surrealista e cheia de sombras.

Considerado um cineasta maldito, fez algumas cenas belíssimas de pura poesia.

Eu moraria dentro de algumas sequências assim...

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Moonwalk



Music video by Michael Jackson performing Dirty Diana Album: Bad (C) 1987

Eu conheci o Michael Jackson quando tinha 13 anos. Claro, devo ter visto antes, mas aos 13 eu o descobri. Assistia programas na tv para vê-lo dançar. Curtia com a minha mãe e com meus irmãos, dançava em todas as festas, colecionava até figurinhas. Era bonito demais ver o que aquele moço fazia com os pés, com as mãos, com os quadris. Pop, eu nem sabia o que era, mas ele era, eu era, todos queríamos ser e seríamos.

Superstar, era assim, ele todo cheio de articulações e de refrões febris.

O tempo passou e muitas coisas aconteceram com ele. Mudou de cor, mudou de rosto, mudou de vida. Mas, na minha memória, o MJ sempre foi aquele ser místico que no palco hipnotizava, arrebatava multidões.

Quando conheci meu marido, além de filmes, falamos de Michael Jackson. E ele me apresentou esta Diana Indecente onde este moço rasgava a voz, rasgava a roupa, rasgava o palco inteiro.

Vi mais belezas desconhecidas e descobri que o moço sem cor, era atemporal e para sempre brilharia na memória dos dias em que eu adolescia.

Michael hoje partiu para as Terras do Sem Fim, foi popear com Deus, com seus anjos e seus arcanjos - serafins.

Michael Joseph Jackson, 29 agosto 1958 - Los Angeles, 25 jun 2009

"King of Pop" , cinco de seus álbuns de estúdio se tornaram os mais vendidos mundialmente de todos os tempos: Off the Wall (1979), Thriller (1982), Bad (1987), Dangerous (1991) e HIStory: Past, Present and Future – Book I(1995).

Diadema e véu...

Mônica Salmaso e Teco Cardoso (com Nelson Ayres escondido no breu) - SESI/FIESP

Ela entoou Melodia Sentimental e olhou para o infinito. O peito apertou, a respiração ficou suspensa, a voz cálida parecia alcançar a alma da gente e meus olhos teimavam em marejar corredeiras.
O silêncio parecia pairar sobre nós.
Ouvir Villa Lobos sussurrado por Mônica é um momento sublime de contemplação e rara beleza.
Há intérpretes e há Mônica Salmaso. Séria, possui uma gaiatice que não é distribuida gratuitamente. Seus movimentos (contidos, até) cadenciam canções e o olhar busca a escuridão para alumiar tudo.
Teco Cardoso é moço sortudo, conquistou a musa e com ela faz linda parceria. É bonito de se ver, de se ouvir, de saber que ali tudo é poesia.
Ontem (24/06, dia de São João, dia de meu irmão, com todas as suas idades gravadas no tempo) eu fui pra Fiesp ver Mônica encantar.
Ao abrir o show com Melodia Sentimental, fez aflorar na pele décadas de bem querer. Confesso que pensei muito em morte, embora não a queira por perto de jeito nenhum! Mas, enquanto eu ouvia cada acorde da canção, eu pensava ... "no dia da minha morte, queria um instante assim... se eu pudesse escolher, quereria que este momento fosse o meu adeus..." . Coisa estranha de se pensar, bem sei, mas Melodia Sentimental é qualquer coisa mística e mágica e dolorida e de prantos e de espantos e de soluços e de desespero e é tanta coisa junta que o peito parece que vai explodir de tanta emoção...
Daí pra frente, o show tomou outro rumo na minha retina. A contemplação embevecida daquela moça, que parece não ter muitas vaidades, mas que tem tanta doçura no olhar que parece alcançar lugares escondidos na alma, causa lento topor no nosso corpo inteiro (e note-se, que ela não é uma artista que interage com a platéia circensemente, e esta reserva talvez nos faça mais cativos... quando ela sorri meia-lua, parece que do palco incandesce estrelas) .
O show de ontem era de três artistas consagradíssimos: o mestre Nelson Ayres, o instrumentista Teco Cardoso e Mônica Salmaso, intérprete perfeita.
Eu sempre me sinto privilegiada em me conceder instantes assim, que movimentam em meu ser cordas imaginárias e que me faz mergulhar num templo perdido em algum fragmento cósmico entre o céu e a terra. Ali, onde não há explicação, não há cor, não há palavras...
... apenas deslumbramento e serenidade em lugar sagrado, com velados segredos.



Melodia sentimental
(Heitor Villa-Lobos e Dora Vasconcelos)

Acorda vem ver a lua
que dorme na noite escura
que surge tão bela e branca
derramando doçura
clara chama silente
Ardendo o meu sonhar
As asas da noite que surgem
e correm no espaço profundo

Ó doce amada desperta
Vem dar teu calor ao luar

Quisera saber-te minha
Na hora serena e calma
A sombra confia ao vento
O limite da espera
Quando dentro da noite
Reclama o teu amor

Acorda vem olhar a lua
que brilha na noite escura
Querida és linda e meiga
Sentir meu amor e sonhar

Na OCA

Simone de Beauvoir

"Nós, para os outros, apenas criamos pontos de partida..."

A Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura preparou uma programação especial de 11 de maio a 11 de julho, junto à exposição “Mulheres do Planeta”, de Titouan Lamazou na OCA (parque do Ibirapuera), trazendo ao público o trabalho de diversas mulheres por meio de leituras de poemas, bate-papos, apresentações musicais e peças teatrais.

Sábado, 27 de junho
16 horas
Lá vêm Marias
Grupo musical de jovens compositoras do curso de Letras da USP.
Integrantes: Laurinha Guimarães (violão e voz), Ligia Ferreira (violão e voz), Paula Rego (violão e voz), Katia Naiane (intervenções cênicas).

Domingo, 28 de junho
16 horas
Fragmentos de cenas sobre o feminino em Simone de Beauvoir
Com Cia. Teatral Magna Mater
Leitura cênica de textos de Simone de Beauvoir, intercalando-se cenas da apresentação teatral e a interação do espectador, que poderá se dirigir a um varal com fragmentos de textos da escritora a qualquer momento e ler o texto escolhido.
Elenco: Renata Araújo, Tânia Gomes, Stela Fischer; Direção: Stela Fischer; Produtora Executiva: Renata Araújo e Renata de Tomasso; Dramaturgia: Paula Chagas.

18 horas
Recital e bate-papo com a poeta Virna Teixeira.

Festim ...


De agosto de 2003 aos dias atuais, a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) tornou-se um dos mais importantes festivais literários como Hay-on-Wye, Adelaide, Harbourfront de Toronto, Festival de Berlim, Edimburgo e Mântua. Com a presença de autores mundialmente respeitados, como Julian Barnes, Don DeLillo, Eric Hobsbawm e Hanif Kureishi, a primeira FLIP estabeleceu um padrão de excelência às edições seguintes. Em um curto período, ficou conhecida como uma das principais festas literárias internacionais, sendo reconhecida pela qualidade dos autores convidados, pelo irresistível entusiasmo de seu público e pela descontraída hospitalidade da cidade.
Nunca fui, porque Parati para mim, lembra templo sagrado e não calçadas lotadas.
Mas, muita gente aparece por lá... se quiser saber mais, espia
AQUI.

Choconhaque

Quando o inverno sopra seu friozinho pelos ares, eu tiro do armário meu cachecol, me embolo no sofá e deixo o marido cuidar de mim...

E, ele cuida! Aprenda no site www.videoreceita.com como fazer este choconhaque submarino delicioso...

Hummm... chama o marido você também!

Antes...


... de nascer o mundo, é o novo livro do moçambicano Mia Couto. Tive o prazer, de há muitos anos atrás, num evento acontecido em Portugal (Eis Poesia) ter um conto meu selecionado para coletânea impressa e o Mia Couto era um dos jurados. Senti-me muito honrada, pois gosto imensamente deste escritor que é capaz de fazer inesquecimentos em minh´alma através de livros como Terra Sonâmbula.
Antes de nascer o mundo conta a história de Silvestre, seus dois filhos, o tio Aproximado e o serviçal Zacaria, que ensaiam um viver enraizado na crença de que a mulher é a desgraça do homem. Mas nada continuará igual com a chegada de uma bela moça.
No Brasil, para divulgar o novo trabalho, participará de eventos/palestra e noite de autógrafos, não perca:
BATE-PAPO
Quando: 26/06/2009 às 18h
Onde: Sesc Av. Paulista
(av. Paulista, 119, 3º andar,3179-3700)

PALESTRA/AUTÓGRAFO
Hoje, (dia 25 de junho) às 19h
Onde: Livraria Cultura Conjunto Nacional
Av. Paulista, 2073 - São Paulo/SP

HOMENAGEM
Quando: 03/07/2009
Onde:
FESTLIP , Rio de Janeiro
Festival de Teatro da Língua Portuguesa que reúne 11 espetáculos de seis países.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

O chapeleiro louco...

Refilmagem de Alice no País das Maravilhas por Tim Burton


Você conhece Alice (aquela do País das Maravilhas) ?
E o Tim Burton (aquele, daqueles filmes, daqueles contos , alguns sombrios, alguns deliciosamente poéticos ) ?
E o Johnny Depp (o moço bonito que já foi Don Juan, que já foi Edward Scissorhands, que já viveu Um Sonho Americano, que jà foi Gilbert Grape, Ed Wood, Donny Brasco, além de Libertino, Sweeney Todd, o noivo da Noiva Cadáver, Pirata do Caribe e tantos outros por tantos filmes que esta lista só se alonga e não termina nunca!) ?
Enfim, se você gosta de apenas uma destas três referências, não pode perder o filme que está vindo por aí.
Aguarde...
"Nesta direção", disse o Gato, girando a pata direita, "mora um Chapeleiro. E nesta direção", apontando com a pata esquerda, "mora uma Lebre de Março. Visite quem você quiser quiser, são ambos loucos."

"Mais eu não ando com loucos", observou Alice.

"Oh, você não tem como evitar", disse o Gato, "somos todos loucos por aqui. Eu sou louco. Você é louca".

"Como é que você sabe que eu sou louca?", disse Alice.

"Você deve ser", disse o Gato, "Senão não teria vindo para cá."

domingo, 21 de junho de 2009

Cinco coisas...

que eu não sou, gostaria de ser, mas arrisco ?

A Micheliny Verunschk perguntou e estou respondendo:
1. uma confeiteira de mão cheia
(não sou, queria muito e arrisco tudo nas festas de família, sem medo)

2. esportista
(queria ser atleta profissional, mas só corro nos finais de semana, bem cedo...)

3. dançarina
(quando criança queria ser bailarina, quando adulta - dançarina. Não fui Pina Bausch, nem tampouco Isadora Duncan. Mas, meu maior prazer, é dançar em qualquer lugar, com qualquer um que possa me conduzir...)
4. fotógrafa
(eu gosto, eu quero, eu posso, ainda serei, com certeza!)
5. engraçada
(não sou engraçada, gostaria de ser, às vezes arrisco... sem muita certeza...)
Convido para responder:
Bel, do Céu de Brigadeiros
Flávinha, do
Poetriz
Ivana, do Doidivana
Estrelinha, do Leminiskata
Os primos Godoys, do Garfo sem Dentes

Tempo de embebedar cavalos

Técnica de Colagem by Sônia Alves Dias - agenda antiga

"Kafka (ou teria sido o próprio monstro no qual ele se transformara? ), disse que a boa literatura tem de revirar as pessoas, provocar-lhes vertigens, azedumes, transcendência. Caso contrário não funciona"

Eu concordo.

Tanto com Kafka quanto com o Gato Ensacado.

Que livro é você?


Fiz um teste AQUI, e achei que eu seria o Livro Lavoura Arcaica que tanto amo. Mas, pelas respostas, foi Clarice quem me escolheu. Sim, a mesma, que às vezes dorme debaixo do meu travesseiro.


Detalhe importante: em outros tempos, já me vesti de G.H, com medo, é claro, mas sim, dos pés à cabeça, inteira.


"A paixão segundo GH", de Clarice Lispector


Você é daqueles sujeitos profundos. Não que se acham profundos – profundos mesmo. Devido às maquinações constantes da sua cabecinha, ao longo do tempo você acumulou milhões de questionamentos. Hoje, em segundos, você é capaz de reconsiderar toda a sua existência. A visão de um objeto ou uma fala inocente de alguém às vezes desencadeiam viagens dilacerantes aos cantos mais obscuros de sua alma. Em geral, essa tendência introspectiva não faz de você uma pessoa fácil de se conviver. Aliás, você desperta até medo em algumas pessoas. Outras simplesmente não o conseguem entender. Assim é também "A paixão segundo GH", obra-prima de Clarice Lispector amada-idolatrada por leitores intelectuais e existencialistas, mas, sejamos sinceros, que assusta a maioria. Essa possível repulsa, porém, nunca anulará um milésimo de sua força literária. O mesmo vale para você: agrada a poucos, mas tem uma força única.

Festa do Teatro

Desenho Felipe Godoy (Garfo sem dentes)


Em São Paulo, acontece um evento inédito na área de cultura: a Festa do Teatro.

Serão distribuidos 30 mil ingressos para espetáculos em cartaz na cidade entre 19 e 28 de junho. O objetivo é promover o acesso à diversidade da produção teatral contemporânea.
Não fique de fora!
Para ver a lista completa das peças participantes, clique AQUI

sábado, 20 de junho de 2009

Vendedor de profecias...

Evento Antídoto - Itaú Cultural - Lirinha - Mercadorias e Futuro 18/06/09


Lirinha é moço de muitas expressões e de muita força visual e oral. Performático, traz a luz, traz o som, o improviso e a mãe num relato que mistura ficção e realidade de forma magnífica. Moço de sol, de fá (com pestana) e de dó, trabalha a poesia (numa levada de humor) que mistura música, teatro e literatura pura.

Lirovksy, seu lúdico personagem, é um vendedor de livros, do Livro “Mercadorias e Futuro”, que traz o registro de três grandes profetas: João Pedra Maior, Teresa Purpurina e Benedito Heráclito.


- 'Estou aqui para vender uma coisa
Estou aqui em pé, no som, na luz
Para vender um livro

A terra é quem me deu, eu só plantei...
Conversei com loucos seres que me responderam antes da pergunta:
(mercadorias e futuro)

Estou aqui para vender uma coisa, quem quer comprar?
Pode você não usar, mas tem os seus filhos e os que virão

Os que cairão dos rasgões do céu e do amanhã
(mercadorias e futuro)

"Oh amanhã, o que será o amanhã?"
Eu pergunto embriagado pelo vinho, pela dúvida, pelo medo da escuridão
O medo da escuridão...'
O espetáculo vai causando uma comoção interior, daquelas que a gente sabe do que se lembra e porque se encanta. Lembra feira livre, lembra Praça da Sé lotada, lembra o sertão e os vendedores de rapadura, minâncoras e penduradores de panelas, lembra outros tempos e outros sonhos: fantasias.
“Sendo questões de compromisso etério
Nas frases que se despregam
Sei que já fui um profeta de guerra
E o profeto da guerra hoje cuida do futuro
O profeto da guerra hoje cuida do futuro
No jarro do quintal
É o recurso dos impacientes, vencedor do acaso
Beberei a água do esquecimento um dia
Toda paisagem é muda, e muda
O moinho girando ao seu tormento
O homem que nasce, que cresce, que sobe, que cai
A morte é incerta mas a hora é certa
Um é o todo, e por ele o todo e nele o todo
E se não contém tudo é nada ”

Lirinha constrói um personagem cativante, com cores e sons alumiado pelo seu olhar de faról. Toda a parafernália tecnológica ao seu alcance, seduz a platéia e o vozerio febril causa aquela hipnose que faz com que nada se perca.

No ápice do espetáculo, a vontade que formiga o corpo é de se levantar e, como num culto sagrado, cantar e bradar junto com moço no palco:

'Vitória, vitória
Como é forte a tua luz
E é tão doce o teu sabor na boca, Vitória
Derrota, derrota
Como é forte a tua luz
E é amargo o teu sabor na boca, derrota
Vitória, saiba que eu sou sem você
E a lua que brilha já pode descer, descer
Saiba que eu sou sem você
E aquele que canta já pode morrer, já pode morrer
Já pode morrer'

Depois, quando tudo se encerra, o palco vazio nos faz pensar em poesia, em mercadorias e quanto vale o tal futuro (escrito nas cartas de Teresa Purpurina)...
VITÓRIA!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Livro na mão

Micheliny azul dentro da Lua na janela pública


Eu encontrei esta moça cheia de geografia íntima e de desertos, no Palco do Itaú Cultural, todas as vezes. Na primeira vez, ela de preto clareava tudo e com seu sotaque forte mapeava minha fisionomia com traços de espanto. Hoje, encontro-a novamente, tantos anos depois, mas parece que com muito menos anos. Naquela época, menina ainda, acredito que nem imaginava ser mãe. Era musa espoleta, com chicote estalando na língua. Hoje, seu olhar doce, que lembra o caudaloso leite, declara que Nina e Théo são filhos do seu ventre (livre).
Antes de Lirinha entrar no palco com seu "Mercadoria e Futuro", Micheliny manifesta sua África e seu Sertão. A figura pequena, e ao mesmo tempo tão forte e cheia de "arenga" , preenche o espaço vazio inteiro. Um livro antigo, girando feito manivela entre as mãos delicadas, abre páginas do tempo. Entre folhas puídas, há tanta história e dor antiga " Nossa mãe e nosso pai ainda mal contados, mal traçados, e ainda que amados,tão mal-amados"...
O poema forte, traz a densidade da poeta em cada sílaba e em cada olhar sob as letras adormecidas. O manifesto se encerra com grande carga dramática e uma bonita flor no cabelo da menina.


Minha mãe, meu pai
Tua mãe, teu pai
Nossa mãe, nosso pai
África e Sertão
Terra prometida
Colo desejado
Expectativa
*
África e Sertão: à Maneira de um Manifesto
Por Micheliny Verunschk

Lirovski



Apenas observe...

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Patas de pantera


Fragmento de Noite & Dia (parceria Ademir Assunção com Madan), num show em Araraquara.

Noite e Dia é uma canção destas que ficam marcadas na pele feito tatuagem. Não sendo musicista, não sei falar sobre acordes, bémois e sustenidos. Mas, como moça de tantos nomes e tantos sentimentos, sei que sempre ao ouvi-la é como se uma cortina fosse lentamente se fechando e não restasse mais nada em lugar nenhum, ninguém por perto, literalmente, dor nenhuma.

Eu a ouvi a primeira vez no CD-ÓPERA DE RINOCERONTE, do Madan na virada do ano 2000. E, foram tantas sensações que brotaram e foram tantas lágrimas que rolaram que eu guardei esta canção NOITE e DIA dentro de algum vão no coração que dali não sai, não se apaga e nem perde.

O tempo passou e muitos adeuses eu vi. Quando meu pai faleceu, DEUS voava e plantava prantos. Muito PÓ em mim se partiu. Eu me sentia a própria DONA DOIDA, eu queria ser DONA DOIDA, eu era, tinha certeza. MUNDO NOVO fechava um ciclo, fechava o disco. A sensação cantada do "não existe sorte, azar não existe, tudo é risco, arrisque... leão de zôo tem os olhos tristes..." era tão real , que eu cantarolava ao sol, na chuva, em todas as estações que por mim passeavam. Neste CD inesquecível (para mim, com certeza) tem o querido e falecido poeta (tradutor de Aretino, inclusive) Zé Paulo Paes, tem Arnaldo Antunes, Elisa Lucinda, Nelson Capucho, Kléber Albuquerque e o dono também desta letra (NOITE e DIA) que me bota sempre comovida como o diabo... Ademir Assunção.

Se você não ouviu ainda, eu recomendo... é poesia pura.

NOITE & DIA

Poema: ADEMIR ASSUNÇÃO
Música: MADAN

deixe que o sol se deite
sobre seu leito deixe
que eu beba o leite
do seu corpo deixe
que o calor do beijo
dissolva a bruma deixe
que ao cair a noite deixe
suor e seiva dor nenhuma

poema incidental: PATAS DE PANTERA

O vento frio me mata Um beijo
me recria Quem sabe uma noite
inteira Ou na metade de um dia
Ela pise com patas de pantera
Sobre essas páginas frias
Elegante como quem volta Sem
saber onde ia

Mais de tudo ? AQUI...

terça-feira, 16 de junho de 2009

Clube de Leitura


Rodas de Leitura Compartilhada na Livraria Sobrado - IV Ciclo
Toda Segunda-feira às 18h30.
Próximo encontro: 22/06/2009

Livro escolhido: O morro dos ventos uivantes - Emily Bronte.

Você já leu o livro ? Não leu ? Participe...

Trecho : "Heathcliff aproximou-se do encosto da sua cadeira, e se inclinou por cima, mas não tanto para que ela pudesse ver-lhe o rosto lívido de emoção. Ela se virou para olhá-lo, mas ele não o permitiu, voltando-se de súbito e caminhando até a lareira, onde ficou parado, silencioso, de costas para nós. O olhar da Sra. Linton o seguiu, desconfiado, pois qualquer movimento dele lhe despertava novas emoções."

De pernas abertas para o sol



No sebo cultural RATO DE LIVRARIA - dia 20 de junho, sábado - 19h

Espetáculo: leitura de contos sobre erotismo.
Apenas 30 convites, confirmar presença pelos fones: 11-45081101/ 11- 81361101 e trazer comprovante de depósito no dia do espetáculo.

Convites R$20,00

Grupo Cênico: Parampará de Contação de Histórias

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Justine



A peça conta a história da pura, religiosa e inocente personagem Justine (Andressa Cabral) que acaba se envolvendo em experiências de crime, tortura e depravações que testarão seus valores morais e de conduta, enquanto sua irmã, a bela e libertina Juliette (Erika Forlim) realiza uma trajetória cheia de sucessos e prazeres.

ESPAÇO DOS SATYROS DOIS
Praça Roosevelt, 134
Telefone para reservas: 11 3258-6345

Os 120 Dias de Sodoma



“Os 120 Dias de Sodoma” é a segunda parte da trilogia. A montagem contou com críticas favoráveis da imprensa e grande adesão do público, e está em cartaz desde maio de 2006. O espetáculo trata das questões filosóficas e políticas colocadas pela obra sadeana, em um contexto brasileiro de corrupção e decadência das instituições sociais.
ESPAÇO DOS SATYROS DOIS
Praça Roosevelt, 134
Telefone para reservas: 11 3258-6345

A Filosofia na Alcova



Após a realização das montagens de "A Filosofia na Alcova" e "Os 120 Dias de Sodoma", baseadas nas obras do marquês de Sade - aristocrata francês que viveu na virada do século XVIII para o século XIX -, a Cia. de Teatro Os Satyros encerra sua Trilogia Libertina com a peça “Justine”."A Filosofia na Alcova" é a primeira montagem dos Satyros para um texto do marquês de Sade, exibida pela primeira vez em 2001. Dolmancé e Madame de Saint"Ange, dois dos personagens mais libertinos da história da literatura universal, são os protagonistas desse texto, em que é apresentada a educação sexual de uma jovem virgem, com aulas práticas e teóricas de libertinagem. Após o período de aprendizado, a mãe da jovem chega ao palácio dos libertinos para tentar resgatá-la, quando então é confrontada pelos mentores da jovem e pela própria filha.

ESPAÇO DOS SATYROS DOIS
Praça Roosevelt, 134
Telefone para reservas: 11 3258-6345

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Grandezas e Miudezas


de Bruno Munari
Tradução: Nilson Moulin
Considerado um marco na história da edição e referência em publicações para crianças, o designer italiano Bruno Munari reinventa nesta obra a relação com o livro: Na noite escura requer uma leitura sensorial, por meio de diferentes papéis combinados com imagens simples e texto conciso. Publicado pela primeira vez em 1956, o livro nos convida a adentrar na noite escura e nos mistérios que ela guarda. Somos atraídos por uma misteriosa luz brilhante revelada através de furos nas páginas. A primeira parte, em papel preto, traduz a atmosfera noturna. Na segunda parte, o papel translúcido sugere uma neblina matinal e marca a passagem do tempo. A aventura termina no interior de uma gruta, nas páginas em papel pardo. Fundamental para crianças inventivas, que poderão interagir com folhas recortadas, texturas, cores e materiais diversos - edição Cosac Naify.

Há Tanto Tempo Que Te Amo



Há Tanto Tempo que te Amo é o típico filme em que o fato de o diretor acumular a função de roteirista propicia imensa sinceridade em cada plano. A aliança entre expressões da imagem com os suspenses da trama cria uma relação de cumplicidade entre nós, os espectadores, e a complicada história de Juliette (Kristin Scott Thomas).

Um filme de ausências e de coisas não-ditas, um jeito bastante conhecido dos franceses fazerem cinema. Priorizar o que não é dito em vez da verborragia dos personagens. A palavra é substituída pelo olhar, as frases dão lugar aos gestos, a presença abre espaço para a ausência. O “sim” é trocado pelo “não”.

Sabemos pouco, muito pouco de Juliette. E não cabe a mim revelar o mistério que você vai descobrir ao assistir a estreia de Philippe Claudel na direção. Dois sentimentos trabalhados logo no início da trama permanecem por todo o filme: o desconforto com o segredo de nossa protagonista e a eterna sensação de outsider, peixe fora d’água que nadou por determinado oceano, foi obrigada a abandoná-lo e, quinze anos depois, percebe que a água segue o mesmo fluxo, com ou sem ela. O jeito é encaixar-se.

Por que ela esteve ausente? Por que sua irmã, Lea (Elsa Zylberstein), ora está próxima, ora mostra-se ressabiada? Por que quando a pequenina P'tit Lys (Lise Ségur) é repreendida todas as vezes que pergunta sobre o passado de Juliette? Por que todos riem quando ela revela a verdade? Por que ela só encontra cumplicidade em outro “peixe fora d’água”, Michel (Laurent Grévill)? Por que todos fingiram que ela não existia?

Há Tanto Tempo que te Amo é uma sucessão de “por quês”. As respostas surgem, aos poucos, para reforçar ainda mais as dúvidas. Pensamos sempre no passo seguinte, na próxima emoção, nas consequências das revelações de Juliette e de que maneira elas afetarão as relações com quem a cerca.

Philippe Claudel pinta sua personagem sem adereços e nos joga em seu mundo de inadequações. O diretor não quer atingir o mental, o raciocínio. Prefere passar pelas afeições e alcançar os sentimentos. E o faz. Quando chegamos ao ápice da emoção, os créditos finais sobem e Claudel encerra, por ora, a nossa relação com o mundo de Juliette.
( crédito: Heitor Augusto )

domingo, 7 de junho de 2009

Nada de básico...

Se o teu macarrão é igual ao meu (alho e óleo purinho) não perca tempo. Passe no site www.videoreceita.com e aprenda a fazer este delicioso penne!

Domingo é dia de alta gastronomia na cozinha!

Sopa de príncipe


Sopa de principe é uma fábrica argentina de bonecos, feitos à mão, com desenho próprio.

O imaginário de Sopa de Príncipe surgiu de uma série de personagens criados por Verónica Longoni. Em seu local de trabalho - Palermo (Thames 1719, Ciudad de Buenos Aires) monstros, bonecos e animais de todos os tipos, esperam em caixas de frutas para ganhar vida. Com desenhos simples e sofisticados, os personagens são primorosos e nos convidam a participar das estórias esquecidas.
Veja e Ouça: AQUI

sábado, 6 de junho de 2009

Prazeres da Mesa


Como acontece todo ano, o Prêmio Melhores do Ano Prazeres da Mesa / Bohemia vai eleger os melhores profissionais da gastronomia de 2009, divididos em 14 categorias.

A cerimônia vai acontecer nessa segunda-feira, dia 8, às 20 horas, no Hotel Grand Hyatt, em São Paulo. Eu, por conta do marido, que anda fazendo bonito entre vídeos, panelas e alecrins, estarei lá.

Para ver a lista completa e saber mais sobre a premiação, clique AQUI.

Senhorinha


Eu já tive um email chamado sinhazinha.iaia@yahoo.com.br (não tenho mais há tempos, hoje o letreira me consome inteira). Mas, esta moça, chamada Mônica Salmaso tem um bem te vi dentro dela. E, tem uma voz, daquelas que dá vontade de chorar. O tempo passa e ela vai ficando cada vez mais bonita, me lembrando sempre de sombrinhas, fazenda antiga e sinházinhas...
No dia 24 de junho (bem no dia de São João e na comemoração do aniversário do meu irmão do meio, bem amado e bem querido) a Mônica vai cantar e eu vou dedicar algumas canções à ele. Igual nós fazíamos quando éramos criança e brincávamos com casamentos, com casinhas, princezinhas, bolas-de-gude e figurinhas. Era tanta estória pra inventar, era tanta briga pra interpretar, que a gente nem tinha idéia de como nos amávamos tanto...
Senhorinha (Monica Salmaso )
Composição: Guinga / Paulo César Pinheiro

Senhorinha, moça de fazenda antiga, prenda minha
Gosta de passear de chapéu, sombrinha
Como quem fugiu de uma modinha

Sinhazinha, no balanço da cadeira de palhinha
Gosta de trançar seu retrós de linha
Como quem parece que adivinha (amor)

Será que ela quer casar
Será que eu vou casar com ela
Será que vai ser numa capela
De casa de andorinha

Princesinha,
moça dos contos de amor da carochinha

Gosta de brincar de fada-madrinha
Como quem quer ser minha rainha

Sinhá mocinha, com seu brinco e seu colar de água-marinha
Gosta de me olhar da casa vizinha
Como quem me quer na camarinha (amor)

Será que eu vou subir no altar
Será que irei nos braços dela
Será que vai ser essa donzela
A musa desse trovador

Ó prenda minha, ó meu amor
Se torne a minha senhorinha

O silêncio


Auto-retrato
Manuel Bandeira

Provinciano que nunca soube
Escolher bem uma gravata;
Pernambucano a quem repugna
A faca do pernambucano;
Poeta ruim que na arte da prosa
Envelheceu na infância da arte,
E até mesmo escrevendo crônicas
Ficou cronista de província;
Arquiteto falhado, músico
Falhado (engoliu um dia
Um piano, mas o teclado
Ficou de fora); sem família,
Religião ou filosofia;
Mal tendo a inquietação de espírito
Que vem do sobrenatural,
E em matéria de profissão
Um tísico profissional.

Bravo


Na Bravo deste mês, MANUEL BANDEIRA

" Grande homenageado pela sétima edição da Festa Literária Internacional de Paraty, que acontece de 1º a 5 de julho, Manuel Bandeira sempre foi mais identificado com o "açúcar" de uma poesia lírica e melancólica, deixando o papel de brigador do modernismo para Oswald ou Mário de Andrade. Mas o "tísico profissional" que esperou pela morte por tuberculose ao longo de toda a vida e se definia insistentemente como um "poeta menor" estava longe de ser um comentarista pacato e humilde da vida social do Rio de Janeiro na primeira metade do século 20. Nas crônicas, sobram farpas para os hábitos e gostos da elite da capital, mas também para concertos, músicas, exposições, filmes, peças e — neste volume em especial — livros."

Leia a matéria na íntegra: AQUI

sexta-feira, 5 de junho de 2009

O Carteiro de Bonecas

Kafka e a boneca viajante - Franz Kafka

Um ano antes de sua morte, Franz Kafka viveu uma experiência singular. Passeando pelo parque de Steglitz, em Berlim, encontrou uma menina chorando porque havia perdido sua boneca. Para acalmar a garotinha, inventou uma história - a boneca não estava perdida, mas viajara, e ele, um 'carteiro de bonecas', tinha uma carta em seu poder que lhe entregaria no dia seguinte. Naquela noite, ele escreveu a primeira de muitas cartas que, durante três semanas, entregou pontualmente à menina, narrando as peripécias da boneca em todos os cantos do mundo. Inspirado por esta história pouco conhecida de Kafka, contada por Dora Diamant, companheira do escritor na época, Jordi Sierra i Frabra recria as cartas nunca encontradas e que constituem um dos mistérios mais belos da narrativa do século XX.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Banho de chuva

Vanessa da Mata - FNAC 04/06/2009

Ai, Ai, Ai
(Vanessa Da Mata)

Se você quiser
Eu vou te dar um amor
Desses de cinema
Não vai te faltar carinho
Plano ou assunto
Ao longo do dia...

Se você quiser
Eu largo tudo
Vou pr'o mundo com você
Meu bem!
Nessa nossa estrada
Só terá belas praias
E cachoeiras...

Aonde o vento é brisa
Onde não haja quem possa
Com a nossa felicidade
Vamos brindar a vida meu bem
Aonde o vento é brisa
E o céu claro de estrelas
O que a gente precisa
É tomar um banho de chuva
Um banho de chuva...

Um girassol...

Lançamento do Dvd - Vanessa da Mata ao Vivo
FNAC Morumbi - 04/06/2009


"O meu pensamento
Tem a cor do seu vestido
Um girassol da cor do seu cabelo"
Vanessa da Mata

Antes que amanheça...



Case-se comigo
Vanessa Da Mata

Case-se comigo
Antes que amanheça
Antes que não pareça tão bom pedido
Antes que eu padeça
Case comigo
Quero dizer pra sempre
Que eu te mereço
Que eu me pareço
Com o seu estilo
E existe um forte pressentimento dizendo
Que eu sem você é como você sem mim
Antes que amanheça, que seja sem fim
Antes que eu acorde e seja um pouco mais assim
Meu príncipe, meu hóspede, meu homem, meu marido
Meu príncipe, meu hóspede, meu marido

Case-se comigo
Antes que amanheça
Antes que não me pareça tão bom partido
Case-se comigo
Antes que eu padeça
Case comigo
Eu quero dizer pra sempre
Que eu te mereço
Que eu me pareço
Com o seu estilo
E existe um forte pressentimento dizendo
Que eu sem você é como você sem mim
Antes que amanheça, que seja sem fim
Antes que eu acorde e seja um pouco mais assim

Meu príncipe, meu hóspede, meu homem, meu marido
Meu príncipe, meu hóspede, meu marido

Seja meu príncipe, meu hóspede, meu homem, meu marido
Meu príncipe, meu hóspede, meu marido