sábado, 20 de junho de 2009

Vendedor de profecias...

Evento Antídoto - Itaú Cultural - Lirinha - Mercadorias e Futuro 18/06/09


Lirinha é moço de muitas expressões e de muita força visual e oral. Performático, traz a luz, traz o som, o improviso e a mãe num relato que mistura ficção e realidade de forma magnífica. Moço de sol, de fá (com pestana) e de dó, trabalha a poesia (numa levada de humor) que mistura música, teatro e literatura pura.

Lirovksy, seu lúdico personagem, é um vendedor de livros, do Livro “Mercadorias e Futuro”, que traz o registro de três grandes profetas: João Pedra Maior, Teresa Purpurina e Benedito Heráclito.


- 'Estou aqui para vender uma coisa
Estou aqui em pé, no som, na luz
Para vender um livro

A terra é quem me deu, eu só plantei...
Conversei com loucos seres que me responderam antes da pergunta:
(mercadorias e futuro)

Estou aqui para vender uma coisa, quem quer comprar?
Pode você não usar, mas tem os seus filhos e os que virão

Os que cairão dos rasgões do céu e do amanhã
(mercadorias e futuro)

"Oh amanhã, o que será o amanhã?"
Eu pergunto embriagado pelo vinho, pela dúvida, pelo medo da escuridão
O medo da escuridão...'
O espetáculo vai causando uma comoção interior, daquelas que a gente sabe do que se lembra e porque se encanta. Lembra feira livre, lembra Praça da Sé lotada, lembra o sertão e os vendedores de rapadura, minâncoras e penduradores de panelas, lembra outros tempos e outros sonhos: fantasias.
“Sendo questões de compromisso etério
Nas frases que se despregam
Sei que já fui um profeta de guerra
E o profeto da guerra hoje cuida do futuro
O profeto da guerra hoje cuida do futuro
No jarro do quintal
É o recurso dos impacientes, vencedor do acaso
Beberei a água do esquecimento um dia
Toda paisagem é muda, e muda
O moinho girando ao seu tormento
O homem que nasce, que cresce, que sobe, que cai
A morte é incerta mas a hora é certa
Um é o todo, e por ele o todo e nele o todo
E se não contém tudo é nada ”

Lirinha constrói um personagem cativante, com cores e sons alumiado pelo seu olhar de faról. Toda a parafernália tecnológica ao seu alcance, seduz a platéia e o vozerio febril causa aquela hipnose que faz com que nada se perca.

No ápice do espetáculo, a vontade que formiga o corpo é de se levantar e, como num culto sagrado, cantar e bradar junto com moço no palco:

'Vitória, vitória
Como é forte a tua luz
E é tão doce o teu sabor na boca, Vitória
Derrota, derrota
Como é forte a tua luz
E é amargo o teu sabor na boca, derrota
Vitória, saiba que eu sou sem você
E a lua que brilha já pode descer, descer
Saiba que eu sou sem você
E aquele que canta já pode morrer, já pode morrer
Já pode morrer'

Depois, quando tudo se encerra, o palco vazio nos faz pensar em poesia, em mercadorias e quanto vale o tal futuro (escrito nas cartas de Teresa Purpurina)...
VITÓRIA!

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