quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Cinemitologias

Retrato de canga e letras no chão do quintal de uma ilha perdida.

Durante o carnaval, tomando sol e lendo...

07.04

Tenho sonhado fotografias. Quando acordo, há centenas de imagens espalhadas pelo quarto. O cérebro funciona como uma polaroid. Tento juntar tudo pra ver se vira um videoclipe mudo.

Ademir Assunção - Cinemitologias

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Carnaval

Cair na estrada de madrugada. Ver o galo cantar na beira do mar. Chegar com os olhos fechando e abrir porta-malas. Guardar as coisas e tomar uma ducha rápida. Se o sol despontar: canga, sundown, sol e carnaval. Se o sol se fingir de morto: deitar na esteira e deixar as letras escorrerem cérebro adentro (às vezes, tem trechos que desembocam direto no coração). Camarão é uma delícia. Porquinho também. Todos os peixes são bem vindos. Água de coco, pra tomar no pé. No beiral do litoral, se a água tá fria, só os dedinhos resfriar. Depois, tomar coragem, se jogar céu adentro e se perder no mundo , tomando caldo e vento na cara.
Da areia, menos areia. Do mar, quanto mais onda melhor. Da noite, bebida e muita folia. De manhã, o bico torto, as pernas tortas, penacho na cabeça e a leveza de acreditar que depois do carnaval, tudo melhora!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

white sweet may...

That´s Amore


A Acácia-Branca em Flor

Entre
o
verde

rígido
velho
claro

partido
galho
chega

doce
puro
maio

de novo.

* * *


The Locust Tree in Flower

Among
of
green

stiff
old
bright

broken
branch
come

white
sweet
May

again.

WILIAM CARLOS WILLIAMS - Tradução Virna Teixeira

Se você, como eu, acha que o amor não tem tamanho e que uma plaquete cabe na palma da mão, mas é tecido pra longas horas... passe no Papel de Rascunho e fale com a Virna.

Tiragem exclusiva e limitada: 50 exemplares.

Eu já estou com o meu... That´s amore!

Rain Journal...

That´s Amore, continue...

Diário da chuva: Londres : Junho de 1965

sentados nus juntos
na beira da cama
bebendo vodka

esta minha primeira cena real de amor

seu corpo tão bom
seus olhos triste amor estrelas

mas john
agora que estamos milhas separados
a descida de visões da montanha
e as ruas todas chovendo
e eu nos fundos de uma loja
fazendo ligações de graça pra você

que podemos fazer?

estalos dos fios de telefone me escurecem
e esta distância me assombra

e sim – estou miserável
e perdido sem você

dias inteiros gastos
refazendo o seu rosto
o som da sua voz
o toque do seu ombro

Rain journal: London: June 1965 - Tradução Virna Teixeira



Rain journal: London: June 1965

sitting naked together
on the edge of the bed
drinking vodka

this my first real love scene

your body so good
your eyes sad love stars

but john
now when we´re miles apart
the come-down from mountain visions

and the streets all raining
and me in the back of a shop

making free phone calls to you

what can we do?

crackling telephone wires shadow me
and this distance haunts me

and yes – I am miserable
and lost without you

whole days spent
remaking your face
the sound of your voice
the feel of your shoulder

(Lee Harwood)

I only know that summer sings in me ...

That´s Amore

Que lábios meus lábios beijaram, e onde, e por quê,
Eu esqueci, e que braços pendem até a alvorada
Sob a minha cabeça; mas nesta madrugada
A chuva está cheia de fantasmas, que suspiram e batem
Na vidraça e aguardam o que vou dizer,
E no meu coração repousa uma dor silente
Por rapazes esquecidos que não voltam novamente
Para mim com brados após o anoitecer.
Então no inverno permanece a árvore solitária,
Que não sabe quais pássaros têm desaparecido,
Ainda que seus galhos estejam silenciosos demais:
Não posso dizer quais amores têm vindo e partido,
Eu só sei que o verão canta em mim
Um pouco, que em mim não canta mais.


What lips my lips have kissed, and where, and why,
I have forgotten, and what arms have lain
Under my head till morning; but the rain
Is full of ghosts tonight, that tap and sigh
Upon the glass and listen for reply,
And in my heart there sits a quiet pain
For unremembered lads that not again
Will turn to me at midnight with a cry.
Thus in the winter stands the lonely tree,
Nor knows what birds have vanished one by one,
Yet knows its boughs more silent than before:
I cannot say what loves have come and gone,
I only know that summer sings in me
A little while, that in me sings no more.

EDNA ST VINCENT MILLAY

L'amour s'en van...

That´s Amore

LE PONT MIRABEAU

Sous le pont Mirabeau coule la Seine
Et nos amours
Faut-il qu'il m'en souvienne
La joie venait toujours après la peine

Vienne la nuit sonne l'heure
Les jours s'en vont je demeure

Les mains dans les mains restons face à face
Tandis que sous
Le pont de nos bras passe
Des éternels regards l'onde si lasse

Vienne la nuit sonne l'heure
Les jours s'en vont je demeure

L'amour s'en va come cette eau courante
L'amour s'en van
Comme la vie est lente
Et comme l'Espérance est violente

Vienne la nuit sonne l'heure
Les jours s'en vont je demeure

Passent les jours et passent les semaines
Ni temps passé
Ni les amours reviennent
Sous le pont Mirabeau coule la Seine

Vienne la nuit sonne l'heure
Les jours s'en vont je demeure



A PONTE MIRABEAU

Sob a ponte Mirabeau corre o Sena
E nosso amor
É preciso trazê-lo à cena
Vinha sempre a alegria antes da pena
Venha a noite, soe a hora
Os dias se vão, não vou embora

De mãos dadas ficamos face a face
Enquanto que sob
A ponte dos nossos braços passa
Eternos olhares a onda tão lassa
Venha a noite, soe a hora
Os dias se vão, não vou embora

O amor se vai como água corrente
O amor se vai
Como a vida é lenta
Como a esperança é violenta
Venha a noite, soe a hora
Os dias se vão, não vou embora

Passam os dias e as semanas
Nem o tempo passado
Nem o amor acena
Sob a Ponte Mirabeau flui o Sena
Venha a noite, soe a hora
Os dias se vão, não vou embora

Tradução: Virna Teixeira



LE PONT MIRABEAU, Guiilaume Appoiinaire, gravação original (1911)

Love in the dark...

That´s Amore

O Túnel

Esta noite, nada demora tanto—
o tempo não.
Houvesse um fogo,
ele queimaria agora.

Houvesse um paraíso,
eu não teria demorado.
Penso que luz
é a imagem final.

Mas tempo repete-se,
amor—e um eco.
Um tempo passa
amor no escuro.


The Tunnel

Tonight, nothing is long enough—
time isn’t.
Were there a fire,
it would burn now.

Were there a heaven,
I would have gone long ago
I think that light
is the final image.

But time reoccurs,
love—and an echo.
A time passes
love in the dark.


ROBERT CREELEY
Tradução: Virna Teixeira

Place...

That´s Amore

Place

Your face
In mind, slow love

Slow growing, slow
To learn enough

Patience to learn
To be here, to savor

Whatever distance is
Out there, without you

Here, here
By myself

Lugar

Sua face
Na mente, lento amar

Lento crescer, lento
aprender o bastante

Paciência para aprender
a estar aqui, apreciar

O que quer que seja a distância
lá fora, sem você

Aqui, aqui
Por mim mesmo.

Robert Creeley - Tradução: Virna Teixeira

That´s Amore


A bela Virna, mandou um Amore pra mim. A primeira sensação que tive ao tocá-lo foi pensar em taças espalhadas pelo chão, champagnhe levemente embriagante e um doce roçar na pele do homem amado. That´s Amore, of course.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Sobrando tempo...


Acabou o horário de verão... ao invés de ajustar o relógio, passe na locadora e diga no balcão: NUNCA TE VI, SEMPRE TE AMEI.
"Durante vinte anos Helene Hanff (Anne Bancroft), uma escritora americana, se corresponde com Frank Doel (Anthony Hopkins), o gerente de uma livraria especializada em edições raras e esgotadas. Tudo começou pelo fato de Helene adorar livros raros, que não se encontram em Nova York. Só que ela não poderia imaginar que uma carta para uma pequena livraria em Londres, que negocia livros de segunda mão, a levaria a iniciar um correspondência afetuosa com Frank. Neste período uma amizade muito especial surge entre os dois. "

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Hábitos do Leitor

foto de arquivo pessoal

Recebi um email, do ótimo LENDO.ORG, e me dispus a responder os hábitos do leitor...
Os meus são:
 Meu primeiro gesto ao pegar um livro antigo, é abrir na última página e cheirar o tempo que ali adormece. Tenho a sensação de que passo horas cheirando o livro e que ninguém está vendo.

 Quando eu não conheço o livro, eu o abro aleatóriamente em busca de uma palavra que me fisgue, uma frase que me envolva.

 Sebo é um prazer, não pelo preço, mas pelas páginas amareladas puídas e cheias de marcas de outras vidas.

 Eu gosto de emprestar livros, mas morro de medo de não me devolverem (e se não me devolvem eu passo anos pensando no livro perdido).

 Eu tenho VÁRIAS edições do mesmo livro.

 Alguns eu gosto mais, outros eu gosto menos, mas não consigo me desfazer de nenhum.

 Eu não me obrigo a ler, leio quando quero, o que quero e do jeito que quero (às vezes, lia até debaixo do chuveiro, mas com este hábito parei...).

 Eu tenho mais de mil livros, mas hoje são poucos que podem dormir comigo (meu marido é alérgico! )

 Tenho hábitos estranhos de organização. Às vezes, organizo por cores, às vezes por autores, às vezes por ordem desordenada que só eu entendo...

 Não tomo café, nem lendo.

 Às vezes, eu leio um pedaço de livro , a começar pelo meio, antes de ler o livro inteiro.

 Não ando sem livro, mesmo que seja um pequeno. Me aflige a idéia de não ter nada para fazer e nenhum livro pra ler.

 Eu risco meus livros sem dó, mas com muito cuidado (mesmo os mais caros , pois para mim não existe livro intocável).

 Alguns amigos me estranham, pois amo tanto meus livros que sou capaz de arrancar uma página que eu considero especial e dar para alguém que eu acho que não leu, para que esta pessoa descubra que precisa ler aquela obra de qualquer maneira...

 Já fui capaz de sentar numa biblioteca com caneta e papel na mão e copiar toda a página (que outrora eu tinha arrancado) e fazer um trabalho artesanal de colagem para deixar meu livro inteiro de novo.

 Eu não compro livro só porque está na mídia ou porque é moda ler determinado autor.

 Eu compro livro que me chama e que me espanta na prateleira.

 Gosto de deixar, entre as páginas dos meus livros antigos, alguma coisa perdida pra achar depois de muitos anos (pode ser uma foto, um bilhete para mim mesma, um ingresso de cinema, qualquer coisa que possa me emocionar sem que eu me lembre...)

 Tenho mania de ler até bula de remédio, rótulos de xampoo, contra-capas, revistas, jornais, panfletos, homens placas e até revistas de arquitetura.

 Eu não me importo em saber o final do livro, importa-me o desenrolar das letras.

 Não consigo não ler.

 Gosto de ficar em filas, para ter mais tempo pra ler.

 Não fico enjoada de ler em pé, andando, de carro, de avião ou deitada no chão.

 Além de ler os jornais, eu recorto tudo que me interessa pra reler depois quando a história já não for a mesma.

 Eu entro numa livraria e me esqueço da vida.

 Acho um charme, tomar um chocolate quente enquanto leio um livro que parece não acabar nunca...

 Quero ser dona de um café literário que se chamará "Beata de Bião". Dentro dele haverá um portão de ferro, tipo o que tinha na casa da minha avó, no estilo rococó (que fazia barulho de nhenhenhém e tudo mais). Os visitantes poderão caminhar pelos cantos e recantos onde haverão livros espalhados que poderão ser folheados e emprestados como se fosse uma biblioteca pública. Nele, todos os livros estarão a venda (tanto os novos quanto os usados). Eu, poderei ficar horas falando sobre um texto, um poema, uma sensação inesquecível de leitura, como tagarela que sou. Nele, haverá um velha gorda, que fará bolinhos de chuva e que servirá chá de cidreira e outras gostosuras . Haverá um balcão, tipo boteco, pra que alguns possam tomar um gole de conhaque "que bota a gente comovido como diabo" e dali recitar um trecho que arranque uma dor do peito. As pessoas não precisarão responder a pergunta "posso te ajudar?". Sem pressa poderão escolher: emprestar , comprar ou simplesmente ler. Lá, haverá também algumas obras de arte (que eu mesma farei) ilustrando livros especiais (tipo o poema CASO DO VESTIDO do Carlos Drummond). Tenho vontade de fazer um vestido de voil e escrever todo o poema por entre tecidos e rasguras, em tinta vermelha e com tanta paixão que seja impossível não querer ler... E se alguém passar e perguntar "Nossa mãe, o que é aquele vestido, naquele prego?" eu responderei "Minhas filhas, é o vestido de uma dona que passou..."

 Eu penso em fazer isto com tantos outros poemas, e tantos outros contos e tantos outros textos que acho que dinheiro mesmo, não passará por ali, será um café literário só de prazer...

 Se me vicio num escritor, quero comprar tudo dele pra me apaixonar inteira, ou não.

 Quando conheço uma biblioteca nova, tenho a mania de querer ler tudo de uma prateleira toda.

 Alguns livros são para ser lidos com lágrimas nos olhos, com a dor de uma perda , com um coração que merece ser arrancado do peito de tanta dor...

 Não suporto marcadores de livros... nunca lembro onde estão e geralmente não estão na página que parei.

 Como marcadores, uso coisas estranhas. Tipo, um flyer , um cartão postal ou nada... e sempre sei onde parei.

 Eu gosto de livro de cartas, embora me sinta um pouco atrevida por ler correspondências alheias.

 Eu não suporto gente que dobra as páginas dos livros ou que deixe marcas de café ou de mão suja dentro deles.

 Eu adoro quem grifa livros, porque tenho a sensação que estamos na mesma sintonia e paixão pelas letras.

 Também tenho a estranha sensação de ler algumas páginas inteiras e não ter lido nada... não sei se porque a história está chata ou porque se eu estava em outro lugar naquele instante.

 Já dormi lendo, hoje não leio mais para dormir.

 Não tenho rituais de leitura, embora na imaginação, haja sempre um lugar especial onde eu gostaria de estar para ler determinada obra.

 Existem livros que só podem ser lidos ao lado de alguém, bem baixinho com olho no olho... meteóricamente.

 Já fiz um desenho de um barco no quintal , cheio de livros no convés, onde eu pudesse deitar e ler sem medo da chuva ou do mar bravio.

 Não discrimino literatura, mas algumas coisas... "não li e não gostei!"

 Às vezes, compro o livro pelo autor, pois não quero perder nenhum instante dele.

 Tenho a sensação de que morrerei com um livro nas mãos...

 Já chorei por ter que escolher entre livros ou alguém.

 Hoje acho que estou acima de escolhas e que em algum lugar, sempre haverá um livro meu ou que ainda me pertencerá.

 Livro de papel , para mim, é eterno.

 Meus livros, serão minha única herança, para os que depois de mim, virão.

Quem é o próximo a compartilhar seus hábitos de leitor?

Delicadeza...


Acaba de sair a primeira plaquete (livro pequeno, de poucas páginas) da Arqueria - uma seleção de 10 poemas de amor que a Virna Teixeira (uma das melhores tradutoras brasileiras!) traduziu e publicou em seu blog (Papel de Rascunho). A tiragem é pequena, delicadamente artesanal: 50 exemplares.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Lembrança que alimenta

Desenho by Felipe Godoy, Garfo sem Dentes

Algodão doce

Quem já provou sabe... deixar o algodão-doce tocar o céu da boca , derretendo inesperadamente e deslizando pela língua de forma quase etérea, pode ser uma aventura inesquecível, imperdível e inimaginável...

É lá...

... que compro: alfinete pra pregar margarida no cabelo. óleo de banana para remover esmaltes. sininhos para pendurar nas orelhas. pele de onça pra me embrulhar na noite escura e não ter medo nunca , de nada. água de bica para borrifar no rosto quando o sol fica vermelho à pino. cheirinho pra perfumar as dobras do joelho. e, um tanto quanto de outras coisitas mais...

Houve uma vez um verão...


São dois. Homenzinhos que ainda usam sunga do Tigrão. Um mais velho, outro um pouco mais novo. Usam chupetas, mas dão abraço igual gente grande. Ao atravessar o calçadão, se dão as mãos. Proteção, é claro. Quando os vejo assim, dá uma felicidade boba daquela que estampa um sorriso distraído no rosto e até o semblante se levanta. São meus. Sobrinhos lindos que acompanho de longe e quando perto, encho de beijo, de dengo, de cheiro e de amasso.
Fê e Gu, a tia love youS.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Pensamento Chão



“Só sei guardar segredos dos outros...

... os meus conto pra todo mundo.”

Viviane Mosé

Livro para desfolhar : Pensamento Chão

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Fragmentos...


... tinha pernas curtas, que funcionavam bem, sem defeito nenhum. corria pouco na esteira porque tinha medo de um sopro no coração , que o médico já lhe provara que não tinha. não se arriscava muito e se acovardava diante do volante valente. tinha alguns medos bobos, tipo aquele de descer do salto a qualquer instante. sabia que gostava de estampas de animais selvagens, mas não gostava muito da vida animal. da natureza tida como maligna ela gostava do tique-taque das asas dos grilos, nas noites quentes e escuras. deitar sobre onças pintadas, era um prazer quase secreto que ela guardava para as tardes tépidas. quando tudo parecia carecer de sombra e água fresca... inclusive, ela.

Rumbora Rimbaud

Instalação Fundo e Forma: Simbiose (Sônia Alves Dias)


"Outrora, se bem me lembro,
minha vida era um festim onde se abriam todos os corações,
onde corriam todos os vinhos."

A alquimia do verbo


“A mim. A história de uma das minhas loucuras.

Desde há muito eu me vangloriava de possuir todas as paisagens possíveis, e me pareciam irrisórias as celebridades da pintura e da poesia moderna.

Gostava das pinturas idiotas, capitéis, cenários, telas de saltimbancos, tabuletas, iluminuras populares; a literatura fora de moda, latim de igreja, livros eróticos sem ortografia, romances de nossas avós, contos de fadas, livros infantis, óperas antigas, estribilhos idiotas, ritmos ingênuos.

Sonhava com cruzadas, viagens de descobertas da quais não existem notícias, republicas sem historia, guerras religiosas sufocadas, revoluções de costumes, deslocamentos de raças e continentes: eu acreditava em todos os encantamentos.

. . .

Antes, foi apenas um estudo. Eu escrevia silêncios, noites, anotava o inexprimível. Fixava vertigens. "

( Arthur Rimbaud )

Rebelião

Tudo dele, Ademir Assunção, todos meus.
Chegou um lote de Adorável Criatura Frankstein.
Você conhece o dono da Rebelião na Zona Fantasma ? Se não conhece, chegou a hora de colocar o chapéu na cabeça e ir ali no boteco pedir pra botar as cartas na mesa. Se tiver coragem, peça um gole de LSD Nô e não esqueça que você está ao alcance do ZONA BRANCA, lá onde habita Truffaut no Hotel Inglaterra na companhia de Jules, Jeanne e Jim... imperdíveis.
Passe e compre o seu. Afinal, como ele mesmo diz, é mais barato que 3 cervejas e o barato é bem melhor.

Poentes

Minha blusa costurada por Maiakóvski,que só uso para ir ao cinema

BLUSA FÁTUA - Maiakóvski

Costurarei calças pretas
com o veludo da minha garganta
e uma blusa amarela com três metros de poente.
pela Niévski do mundo, como criança grande,
andarei, donjuan, com ar de dândi.

Que a terra gema em sua mole indolência:
"Não viole o verde das minhas primaveras!"
Mostrando os dentes, rirei ao sol com insolência:
"No asfalto liso hei de rolar as rimas veras!"

Não sei se é porque o céu é azul celeste
e a terra, amante, me estende as mãos ardentes
que eu faço versos alegres como marionetes
e afiados e precisos como palitar dentes!

Fêmeas, gamadas em minha carne, e esta
garota que me olha com amor de gêmea,
cubram-me de sorrisos, que eu, poeta,
com flores os bordarei na blusa cor de gema!

(Tradução: Augusto de Campos)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Brejo das almas

Desenho Felipe Godoy
Um anjo passou ao meu redor e tocou meus ombros nús com sua frágil delicadeza. Sob o céu azul, levou de mim, alguns fios doirados. Acho que queria consturar suas asas, com a linha do meu cabelo...

“Tudo era irreparável.
Ninguém sabia que o mundo ia acabar
(apenas uma criança percebeu mas ficou calada).”
Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Desejo os tecidos dos céus


Fossem meus os tecidos bordados dos céus,
Ornamentados com a luz dourada e prateada,
E os azuis e negros e pálidos tecidos
Da noite, da luz, da meia-luz,
Eu os espalharia debaixo dos teus pés:
Mas eu, pobre, tenho apenas os meus sonhos;
Eu espalhei os meus sonhos debaixo dos teus pés;
Pisa suavemente, pois é sobre os meus sonhos que pisas.
William Butler Yeats
(blog descoberto hoje: http://nydiabonetti.blogspot.com/)

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Little Joy



Hoje (29/01/2009)  no CLASH CLUB, o grupo formado por Rodrigo Amarante (Los Hermanos), Fabrizio Moretti (Strokes) e pela cantora Binki Shapiro- se apresenta na capital paulista a partir das 21:00hs.

"Gravado na Califórnia, o CD tem 11 faixas. A canção que abre o CD, a bilíngue The Next Time Around, é uma que lembra Los Hermanos, mas é em Brand New Start e Keep me in Mind (cantadas em inglês como a maioria) onde se dá melhor a química Hermanos + Strokes. Mas há também uma ponta de melancolia, em faixas como With Strangers. A única com letra inteiramente em português é a que encerra o álbum, Evaporar, já gravada por Amarante no CD Lanny Duos, do lendário guitarrista Lanny Gordin"

Little Joy. Clash Club (600 lug.). Rua Barra Funda, 969. Tel. (011) 3661-1500. 28/01 e 29/01 - Show Extra 05/02.

http://www.clashclub.com.br/

Little Joy
The Next Time Around (Tradução)
Composição: Fabrizio Moretti


São objetivos de mais (em demasia)
Para medir o seu valor
Para buscar o peso em ouro

Sentado próximo ao parapeito de marfim
O quanto mais longe você olha
Mais longe você estará

Não é o bastante definir os termos
Se nada aventurado, nada aprendido
Apesar das probabilidades estarem contra

Em tempo, eu serei seu
É como é para ser

Acomodado em você mesmo
Varrendo poeira de pedras
Com uma carta para casa

De volta aonde as horas duram
As coisas simple convidam o prazer (entusiasmo)
Se somente tomando conhecimento pela vontade

Não é o bastante definir os termos
Se nada aventurado, nada aprendido
É como sempre foi

E onde a sorte há de te levar
Saiba, o caminho é o fim, mais que chegar
E queira o dia ser gentil
À tua mão aberta pra quem é

Em tempo, eu serei seu
É como é para ser
E é como sempre foi