segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Gaiato


Meu marido é feito de silêncio e gaiatices. 

É mais novo que eu 6 anos, 2 meses e 23 dias. É meu bem querer, meu salva-mor. Hoje, ele completa 32 anos da vida dele, estando ao lado da minha há 6 anos, 5 meses e 8 dias.

Eu o vi pela primeira vez no ano 2000 , no aniversário da minha melhor amiga ( mas ele nem me olhou). Em 2001 nos encontramos novamente (no aniversário da mesma amiga) e eu me apaixonei por ele a "segunda vista" perdidamente e por mim ele se apaixonou de primeira (pelo menos, é o que diz a lenda). Ele era novo de idade, eu era adulta de alma. Desencontramo-nos por conta do tal destino. Em 2004, ele foi lá onde eu morava (no apto 32 da Ribeirão-Paulista) descobrir se eu ainda estava ali. Estava, e por mais fantástico que possa parecer, só até aquela meia-noite (estava de mudança, fazendo a limpeza para entregar o apartamento). Não é conto de fadas, mas podia...

Foi no dia 30 de maio de 2004 que ele ficou em mim e não mais partiu.

Quando eu fechei aquela porta naquela noite eu pedi "fica aqui hoje" com o coração aos pulos e aos prantos. Ele, ficou. E no seu peito de pardal eu dormi. Não só naquela noite, mas por todas as outras até hoje.

Meu marido é pintor, mas não de quadros. Pinta o mundo com ângulos perfeitos, sob a mira dos seus olhos adornados com lentes de grau, de aumento. Fotografa o mínimo, é minimalista nas composições, leva e traz um pouquinho de tudo lá fora aqui para dentro (e vice-versa) e a vida vai se fazendo, assim, devagarzinho, sem tempo certo, sem hora marcada...

Meu marido não faz poema daqueles do Camões, do Baudelaire, do Drummond. Ele inventa poesia do acaso, sem métricas, sem rimas, assim... de repente, ele tira um verso do meu cabelo ou o amor de um balde de pipoca...

É um gaiato, usa boina e animale. Inventa que é pássaro, caramujo e outros seres do mundo animal. De mim, arranca risos distraídos. Comigo, bebe muita porção de amor.

Esse moço que comigo se deita e não me deixa levantar, é o meu MELHOR amigo. É meu companheiro, confidente, meu médico (ele sempre conhece os melhores remédios para as mais diferentes dores!) , é meu massagista, meu alcóolico não anônimo (para ele o álcool salva o mundo, da poeira, da sujeira, de tudo). É ele, hoje, o ser humano que mais desejo coisas boas. No qual aposto dia e noite. E para o qual desejo, não só felicidades, mas uma conspiração do Universo... para que seja sempre esta pessoa correta, inteligente e de boa índole que vale muito, na minha vida real e, muito mais, no meu mundo espiritual.

Ele nem sabe sobre todas as idades que ainda vai passar. Eu nem sei, como será ao lado dele descobrir. Ele é recluso como o inverno, eu sou urgente como o verão. Ele gosta de silêncio ao redor de si e de filme com bom som, eu gosto de filme baixinho e bebo do silêncio dele com muito prazer, agradecendo por isto. A nossa história é uma destas que acontece de forma imperdível, indizível e inimaginável. E, quantos anos, dias e horas ainda vamos viver juntos não sei dizer... deixo a resposta nas mãos do tal Destino. Mas, todas as manhãs quando eu acordo , no espelho do banheiro tenho vontade de desenhar  um avião , enquanto cantarolo baixinho "No dia em que fui mais feliz.. eu vi um avião... se espelhar no seu olhar até sumir... "

Mô, você ainda é meu namoramor...

... o Sir O´William que me salvou do quarto branco e para o qual as fotos que tiro, são as mais exageradas do universo.




Feliz tantos anos de vida!

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