"A Valsa" (1895) CAMILLE CLAUDEL
Moço de olhar de pedra, me toma pra dançar. Baila comigo sob o luar de Debussy. A noite é longa e minha loucura por ti, devasta minh'alma. Quero-te real, mestre verdadeiro. Não somente pés, braços e dorso lírico. Quero teu peito, nú por inteiro. Habitar teu coração sem segredos, sem mágoas. Pega-me pela cintura moço erudito. Sente minhas vértebras, conta cada osso da minha costela. Passeia teus lábios sob o lóbulo da minha orelha, deposita nele palavras de mil vertigens. Em musa, me transforma, me deforma, me afronta e me alumia. Olha moço, eu te trago braços longos para encantar teus quadris. Pega meu pulso, sente meu cheiro, me arrasta contigo. Derrama-te sobre mim. Faça-me deitar mármore e acordar carne. Valsa comigo, Debussy.
por Sônia A.Dias , a Letreira
* * *
estou relendo o livro Camille Claudel: Criação e Loucura da Liliana Liviano Wahba, por isso estou me sentindo tão a flor da pele. A obra de Camille se transmuta com a de Rodin. Difícil saber onde começa um e termina outro. Camille foi modelo e amante por longos anos. E grande parte dos gestuais, vem desta relação conflituosa e afetiva entre dois gênios da arte. Quando vejo um trabalho como A Valsa, tenho vontade de escrever tanta coisa... imaginando tanta coisa... sentindo tanta coisa...
Esta semana postei aqui uma obra do Bernini e o Marcantonio deixou um comentário que me fez querer escrever um livro que começasse com a seguinte frase "Proserpine deve ter adormecido mármore e despertado carne." O livro ainda não pari, mas o trecho ecoa em mim, o tempo todo...
3 comentários:
nossa, que coisa linda! beijo, márcia.
Sonia,
encantada com a beleza da mósica e texto.
Abraços
Vim conferir o de hoje!
Estou seguindo o Letreira!
Postar um comentário