Foto arquivo pessoal: contracapa de caderno
Sou comum, apenas mais uma moça sem nome no meio da multidão. Não escalei o topo do Everest, não deixei marca nenhuma em nenhum lugar. Não pari e tive a tristeza de ver meu pai partir.
Em 1984 eu tinha 12 anos, um Pai fantástico e uma família que parecia ser a própria luz de todos os Natais. Era comum, naquela época, ser menina com direito a caderno de recordações, trança nos cabelos e saia branca com shorts vermelho nas aulas de educação física.
Aos 12 anos eu já tinha lido o meu primeiro Machado de Assis (Relíquias de Casa Velha) e não entendia o que aquela escrita absurda queria dizer, mas me assustou e muito o conto Sem Olhos e até hoje acho que é um dos melhores que já li em todos os tempos.
Aos 12 anos eu escrevia poemas com rimas, eu escrevia cartas manuscritas, eu escrevia cartões de todos os tipos, eu ouvia novelas de rádio (acreditem, é verdade) e achava que quando crescesse seria uma pessoa GRANDIOSA.
Naquela época, embora criança, eu já sabia que queria me casar (de véu e grinalda) , que queria ter 3 filhos (uma menina e depois um casal de gêmeos) e que antes disto tudo eu viajaria pelo mundo e teria muitas e muitas histórias para contar para os netos.
O tempo passou e muitas coisas aconteceram diferente do que planejei.
Viajei o tanto quanto possível, tenho um moço-marido que é meu bem-querer, não tenho filhos (porque depois dos 20 ainda era cedo, aos 30 faltava um amor pra chamar de meu e depois... bem tem coisas que a gente deixa pra depois sem saber mesmo o porquê) e algumas coisas simplesmente não aconteceram.
Sou comum, apenas mais uma moça sem nome no meio da multidão. Não escalei o topo do Everest, não deixei marca nenhuma em nenhum lugar. Não pari e tive a tristeza de ver meu pai partir.
No final do ano , encontrei meu Caderno de Recordação antigo, guardado na casa da minha mãe. Sentei e perdi a hora lendo cada mensagem escrita. Foram tantas lembranças boas, tantas saudades daquela eu, que foi difícil acreditar que aquela menina moça cheia de sonhos e fantasias é a mesma que sou hoje.
Minhas amigas escreveram páginas inteiras de dedicatórias , de contação de estórias, de todos os dias que vivemos juntas. Deu mesmo uma vontade de abrir o berreiro sem medo e soltar todos os monstros que a gente insiste em guardar no sótão.
Tenho mania de fazer uma lista das coisas que quero que me aconteça, que eu quero fazer acontecer. Em 2010, vou fazer diferente ...e nada de listas na minha agenda pessoal!
Vou deixar algumas coisas "me" acontecer e seja o que Deus quiser, estarei pronta para o que der e vier!
Nos encontraremos aqui, neste caderno de recordações virtual, que não irá se amarelar pelo tempo (como o meu antigo, velhinho e puído de 25 anos atrás) e poderá ser lido a qualquer hora em qualquer lugar.
Beijoprocês!
Sônia, a Letreira.
4 comentários:
Aos 12 eu era moleca e corria descalça no sertão da Paraíba, não sabia o que queria para minha vida no futuro.
Mas adorava caderno de recordação, não tive um para dizer que era meu nem recordar futuramente.
O que eu adorava mesmo era deixar lá a minha marca o meu nome!
Pena que aos 12 eu não te conhecia ainda!
Oi sonia gosto muito do jeito que vc escreve e resgata um monte de lembrancas que deixa a gente ate emocionada, aos 12 anos eu estava apaixonada pelo menino mais bonito da escola e ele namorava minha melhor amiga, foi a minha primeira vontade de morrer (depois vieram outras) mas esta eh a que deu inicio de tudo. Vc me faz bem viu ? e fez falta neste tempo todo sem escrever... beijo, espero o letreira em 2010 cheio de coisas bonitas...Aline Calvilla
Oi Sônia!
O jeito como vc escreve é emocionante, gostei muito... Não faz muito tempo que sigo seu blog, mas já gostei muito... Você podia escrever um livro com essa história sabia? Eu compraria. hihi :)
Beijocas, feliz 2010 e que todos os seus sonhos, recentes ou antigos, se realizem!
Ana.
E ontem eu estava pensando que fazia um tempo que eu não passava por aqui e nem pelo seu tuiter...
Saudade mesmo.
Beijos.
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