O Letreira nasceu enquanto eu lia e ouvia a Edith Piaf, chovia, fazia frio, era sexta-feira de paixão.
Comovida, pensei em criar um blog violáceo, onde tivesse tanto de mim que eu já nem soubesse mais quem eu era, ou talvez para eu saber exatamente como fui. Se eu seria personagem, sêo Guimarães Rosa, com certeza.
Nele não falo do que não gosto, ou melhor, falo bem pouco pra não chamar a atenção para coisas inúteis e desnecessárias. Com tanta coisa boa que vejo, que sinto, que toco e que faço vou perder meu tempo com pólos negativos que não me atraem ?
Não, perdoem-me, falo bem pouco mal por aqui.
O Letreira não surgiu do nada. Ele chegou da mansidão do blog antigo Folha de Dormideira (que não levei adiante por perdições passadas) e trouxe uma vontade enorme de ser maior do que é, mas de ser o que tem que ser do jeito que pode.
Eu poderia mais... mas, há tanta vida aqui fora! E, esta vida me devora. E, gosto, viu ? Por isso, escrevo quando a vida real me dá descanso (ou me cansa!) e procuro sempre agregar experiências pessoais com a imensidão das letras, das artes e dos ofícios.
O Letreira, não tem este nome por acaso. Não foi dadaísmo, ele foi escolhido a dedo. Surgiu da idéia da minha adoração por cartas, caligrafias e cartografias da alma. Vem do desejo de ler e se perder, de se encontrar perdida, de escrever para anônimos, de ser anônima até o post seguinte. De mandar, pelo mundo, umas histórias acontecidas há tanto tempo pela pele da gente que até parece lenda passada. De falar do meu pai, que partiu, mas que habita em cada frase que escrevo. De contar sobre o que palpita, o que me excita, o que me deixa fascinada, arrebata! De falar sobre bobagens, de paisagens e miragens. De mostrar arte, pura e visual. De transcrever fragmentos, de verdades esquecidas. De causar arrepios, de se arrepiar inteira. De deixar o barco correr, feito música que entra pelo peito e dá uma dor surpresa. O Letreira é minha ponte por águas turbulentas, e eu sou a Moça de Prata com certeza.
A vida para mim é um moinho e muitas coisas me atropelam, me tomam de abissalidades, Se pudesse retratar cada pedacinho e guardar não só na memória, mas nos bites e bytes, eu faria. Mas aí eu perderia o momento seguinte, que geralmente é sublime e não poderia ser registrado, porque merece ficar guardado apenas no meu coração e nas minhas lembranças, que o tempo não apaga.
Dia 11 de abril, é aniversário do Letreira, meus parabéns!
A moça da tela, na janela, Letreira.