Foto arquivo pessoal - 1991
A gente não é nada no mundo. Não é nada no nosso e muito menos no mundo alheio. O que a gente faz é ocupar um espaço nesta vida, por um determinado tempo, e durante esta trajetória a gente se torna importante para algumas pessoas (poucas pessoas) e algumas pessoas (poucas pessoas) se tornam importantes para nós.
Eu já fui hiperbólica, hiperativa e extremamente imaginativa.
Pintava o mundo com minhas cores e achava que todos as pessoas cabiam no meu arco-íris. Imaginava que para ser , bastava querer e para fazer bastava pensar. Não basta... mas, na época eu nem imaginava... ou melhor, imaginava.
Eu dou um duro danado e ninguém paga minhas contas. Não levanto bandeiras feministas, nem sou moderninha. Não sou hipócrita, nem desleal. Gosto de tudo à moda antiga. Mas, eu acordo às 06:30 da manhã e durmo só depois das 23:00, à noite. Tenho dias bons e dias ruins. Tenho família, com um gato, com um quase falecido cachorro e sem nenhuma galinha. Tenho um moço que comigo se deita e comigo se levanta e que ainda diz ser meu passarinho. Tenho umas dores reais e umas tantas imaginárias. Tenho sonhos mais simples, mas não menos fantasiosos. Tenho mania de achar que podia ser melhor, fazer melhor, ser mais, fazer mais (por mim e pelos outros). Tenho vontades e quereres. Um pouco de paciência, nem um pouco de fingimento. Mas, pago pra ver... pago pra ter... nada vem de graça... "nem pão nem a cachaça..." mas, não boto minha alma a venda, nunca botei.
Hoje sei que a vida não é mole não. Ter o mundo nas mãos é apenas uma metáfora e o máximo que podemos é lidar com o espaço que nos cerca, com as pessoas que queremos bem e que nos querem por perto.
Hoje, importa-me alguns poucos amigos, algumas poucas palavras, alguns poucos livros, algumas poucas histórias, alguns trocados, alguns shows, algumas viagens, algumas pessoas especiais, alguns sonhos guardados, algumas lembranças, alguns momentos...minhas agendas e um monte de recortes, de colagens e pensamentos soltos ao vento. Basta-me pouco, bem pouco, bem sei, os que me conhecem de verdade, sabem...
E, quando cada pouco deste se apresenta eu o faço ficar gigantesco. Então, um final de semana banal (para outras pessoas) com aqueles que gosto... se torna um evento. Um livro, não lido por muitos e que me encantei, se torna um marco. Um show vivido, se torna mágico. Umas lembranças, se tornam reais. Assim sou eu...
E, por que sou assim ?
Porque esta é a minha matéria prima. Esta é a minha arte. Fazer do mínimo o máximo, extrair das pessoas outras belezas, tomar de delicadezas outras palavras... fazer tudo virar lembranças...
Se eu faço sentido neste universo, não é porque sou católica, porque sou de direita ou porque me formei e trabalho há mais de 20 anos sem parar... só faço sentido, me sentindo especial para uns poucos, transformando pequenas coisinhas em real grandeza... e com isto, abstraindo de tudo que tentei e não fui, de tudo que sonhei e não cumpri, de tudo que era o máximo... que se fez no mínimo.. eu sou, assim.
Não sou melhor e não sou pior do que imaginei enquanto crescia... meu tamanho não está neste post, minhas estórias não cabem neste blog, as pessoas que gosto não são meros retratos... elas estão vivas, respiram e me inspiram...
... diariamente...
E, assim sendo, assim sou. Bem pouco para muitos, mas talvez a medida exata para os que me conhecem e sabem, da minha vida... mais de mim mesma...
Porque eu sou mínima, minúscula, molúscula neste Universo inteiro.. mas, não nasci ontem e nem morrerei amanhã (assim espero) !
1972
3 comentários:
- Cereja seria, se cereja nascesse -
Linda, você é a poesia em pessoa.
Acho que antes de mais nada, aproveitar o que a gente tem é o que vale.
Pequeno ou não para os outros, o que importa é que é grande para a gente.
Um sorrisinho, um final de semana simples porém divertido, uma tarde lendo um livro bem escrito.
Acho que isso, mais do que mais nada, faz da pessoa valer muito mais do que poderia valer.
Flor, você arrepia. Intensa deveria ser o seu nome.
Um beijoenorme!
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