100 grandes momentos da história do cinema
Roger Ebert, crítico do jornal “Chicago Sun-Times”, divulgou uma lista de 100 grandes momentos do cinema que agradou em cheio aos cinéfilos. Embora ele não os tenha numerado, pois não é um ranking, acrescentamos os números para facilitar o trabalho de quem quiser confrontar as informações com o que mostram os filmes. Considerado um dos mais influentes críticos americanos, Ebert é dotado de admirável capacidade de observação. Suas escolhas vão do mais espetaculoso, a corrida de bigas em “Ben-Hur”, ao detalhe mais sutil, a sombra da garrafa escondida em “Farrapo Humano”. Em muitos casos são minúcias que escapam à percepção de espectadores distraídos.
Ebert registrou suas observações puxando pela memória, ensejando diferenças entre o que escreveu e o que de fato ocorre nos filmes relativos aos momentos número 21, 33, 45, 46, 79, 83 e 88. Nós optamos por adequar o conteúdo destes ao que se vê ou se ouve nos filmes. Em algumas situações, sentimos a necessidade de inserir explicações entre colchetes, para facilitar a compreensão dos leitores; em outras, acrescentamos o título do filme a que o texto se refere. Também completamos os nomes de vários diretores e atores.
Agora, duas ou três coisas sobre a tradução. Conforme explicou recentemente o jornalista Euler de França Belém (em texto sobre Mario Vargas Llosa), “em tradução, perde-se alguma coisa que só pode ser assimilada na própria língua”. A nosso ver, o tradutor deve preocupar-se mais em reproduzir a ideia do que o sentido de cada palavra. Mas, onde foi possível, esforçamo-nos inclusive para manter a estrutura da frase original. Nos casos que envolvem diálogo, mais cuidado ainda se requer. Na legendação de filmes, o tradutor tem mais liberdade porque, em tese, o contexto lhe facilita as coisas. Além disso, ele precisa economizar vocabulário para dar ao espectador tempo de ler tudo antes que entre a legenda seguinte. (Nada que justifique, porém, os equívocos que espectadores mais exigentes percebem.)
Na ausência da imagem, como aqui, é impreterível que se tente exprimir o máximo de conteúdo, mesmo sabendo que é impossível traduzir todas as nuances. Perfeição não existe, evidentemente, mas perseverar em busca da excelência é fundamental para quem lida com cultura. Após conhecer as argutas observações de Roger Ebert, tomara o leitor se sinta apto a fazer sua própria lista de grandes momentos do cinema.
Ebert registrou suas observações puxando pela memória, ensejando diferenças entre o que escreveu e o que de fato ocorre nos filmes relativos aos momentos número 21, 33, 45, 46, 79, 83 e 88. Nós optamos por adequar o conteúdo destes ao que se vê ou se ouve nos filmes. Em algumas situações, sentimos a necessidade de inserir explicações entre colchetes, para facilitar a compreensão dos leitores; em outras, acrescentamos o título do filme a que o texto se refere. Também completamos os nomes de vários diretores e atores.
Agora, duas ou três coisas sobre a tradução. Conforme explicou recentemente o jornalista Euler de França Belém (em texto sobre Mario Vargas Llosa), “em tradução, perde-se alguma coisa que só pode ser assimilada na própria língua”. A nosso ver, o tradutor deve preocupar-se mais em reproduzir a ideia do que o sentido de cada palavra. Mas, onde foi possível, esforçamo-nos inclusive para manter a estrutura da frase original. Nos casos que envolvem diálogo, mais cuidado ainda se requer. Na legendação de filmes, o tradutor tem mais liberdade porque, em tese, o contexto lhe facilita as coisas. Além disso, ele precisa economizar vocabulário para dar ao espectador tempo de ler tudo antes que entre a legenda seguinte. (Nada que justifique, porém, os equívocos que espectadores mais exigentes percebem.)
Na ausência da imagem, como aqui, é impreterível que se tente exprimir o máximo de conteúdo, mesmo sabendo que é impossível traduzir todas as nuances. Perfeição não existe, evidentemente, mas perseverar em busca da excelência é fundamental para quem lida com cultura. Após conhecer as argutas observações de Roger Ebert, tomara o leitor se sinta apto a fazer sua própria lista de grandes momentos do cinema.
A LISTA
1 — Clark Gable em “E o Vento Levou”: “Francamente, querida, eu não ligo a mínima”.
1 — Clark Gable em “E o Vento Levou”: “Francamente, querida, eu não ligo a mínima”.
2 — Buster Keaton de pé, tranquilo, enquanto a parede da casa cai sobre ele; é salvo por estar posicionado exatamente no vão da janela [em “Marinheiro de Encomenda” ou “Capitão Bill Jr.”].
3 — Charlie Chaplin sendo reconhecido pela moça cega, em “Luzes da Cidade”.
4 — O computador Hal 9000 fazendo leitura labial, em “2001: Uma Odisseia no Espaço”.
5 — A Marselhesa cantada em “Casablanca”.
6 — Branca de Neve beijando Dunga na cabeça [em “Branca de Neve e os Sete Anões”].
7 — John Wayne pondo a rédea na boca em “Bravura Indômita” e galopando no prado com uma arma em cada mão.
8 — James Stewart em “Um Corpo Que Cai”, aproximando-se de Kim Novak, que vem do outro lado do quarto, e dando-se conta que ela personifica todas as suas obsessões — melhor do que ele sabe.
9 — A experiência das origens do cinema provando que, na corrida, os cavalos ficam às vezes com as quatro patas no ar.
10 — Gene Kelly cantando na chuva.
11 — Samuel L. Jackson e John Travolta discutindo sobre como dizem “quarteirão” [sanduíche do McDonald’s] na França, em “Pulp Fiction — Tempo de Violência”.
12 — A lua recebendo no olho o cartucho disparado pelo canhão, em “Viagem à Lua”, de George Méliès.
13 — Pauline em perigo, amarrada aos trilhos da estrada de ferro [em “Minha Vida, Meus Amores”].
14 — O garoto correndo alegremente ao encontro do pai que regressa, em “Sounder – Lágrimas de Esperança”.
15 — Harold Lloyd pendurado no mostrador do relógio em “O Homem Mosca”.
16 — Orson Welles sorrindo enigmaticamente no portal, em “O Terceiro Homem”.
17 — O anjo olhando Berlim do alto com tristeza, em “Asas do Desejo”, de Wim Wenders.
18 — O filme de Zapruder mostrando o assassinato de Kennedy: um momento congelado no tempo repetidamente.
19 — Um africano saudoso de casa, dizendo tristemente a uma prostituta que o que realmente quer não é sexo, mas cuscuz, em “O Medo Devora a Alma”, de Rainer Werner Fassbinder.
20 — O Coiote suspenso no ar [no desenho animado do Papa-Léguas].
21 — Zero Mostel lançando um copo d’água no histérico Gene Wilder, em “Primavera para Hitler”, de Mel Brooks, e Wilder gritando: “Estou histérico! Estou molhado!”
22 — Um velho sozinho em casa, tendo de lidar com a morte da mulher e a indiferença dos filhos, em “Era Uma Vez em Tóquio”, de Yasujiro Ozu.
23 — “Fumando”. Resposta de Robert Mitchum, mostrando o cigarro, quando Kirk Douglas lhe oferece um cigarro em “Fuga do Passado”.
24 — Marcello Mastroianni e Anika Ekberg dentro da fonte em “A Doce Vida”.
25 — O momento em “Céu e Inferno”, de Akira Kurosawa, quando o milionário descobre que não é seu filho que foi sequestrado, mas o filho do seu motorista — e os olhares dos dois pais se encontram.
26 — A visão distante de pessoas surgindo no horizonte no final de “A Lista de Schindler”.
27 — R2D2 e C3PO em “Guerra nas Estrelas”.
28 — E.T. e o amigo passando de bicicleta na frente da lua.
29 — Marlon Brando gritando “Stella!” em “Uma Rua Chamada Pecado”.
30 — Hannibal Lecter sorrindo para Clarice em “O Silêncio dos Inocentes”.
31 — “Um momento! Um momento! Vocês ainda não ouviram nada!” As primeiras palavras ouvidas no primeiro filme falado, “O Cantor de Jazz”, ditas por Al Jolson.
32 — Jack Nicholson tentando pedir um sanduíche de frango em “Cada um Vive como Quer”.
33 — “Ninguém é perfeito”. Última fala de Joe E. Brown em “Quanto Mais Quente Melhor”, justificando para Jack Lemmon que casará com ele, mesmo ele tendo dito que é homem.
34 — “Rosebud.” [Palavra dita por Charles Foster Kane ao morrer, em “Cidadão Kane”.]
35 — A divertida caçada em “A Regra do Jogo”, de Jean Renoir.
36 — O olhar assombrado de Antoine Doinel, herói autobiográfico de François Truffaut, na imagem congelada no final de “Os Incompreendidos”.
37 — Jean-Paul Belmondo com o cigarro enfiado na boca insolentemente em “Acossado”, de Jean-Luc Godard.
38 — A fundição do grande sino de ferro em “Andrei Rublev”, de Andrei Tarkovsky.
39 — “O que vocês fizeram nos olhos dele?” Mia Farrow em “O Bebê de Rosemary”.
40 — Moisés separando as águas do Mar Vermelho em “Os Dez Mandamentos”.
41 — O velho encontrado morto no balanço do parque, sua missão cumprida, no final de “Viver”, de Akira Kurosawa.
42 — O olhar assombrado da atriz Maria Falconetti em “O Martírio de Joana d’Arc”, de Carl Dreyer.
43 — As crianças olhando o trem passar em “A Canção da Estrada”, de Satyajit Ray.
44 — O carrinho de bebê solto na escadaria em “O Encouraçado Potemkin”, de Sergei Eisenstein.
45 — “Tá falando comigo?” Robert De Niro em “Taxi Driver — Motorista de Táxi”.
46 — “Meu pai fez uma oferta que ele não podia recusar.” Al Pacino em “O Poderoso Chefão”.
47 — O misterioso cadáver nas fotografias em “Depois Daquele Beijo”, de Michelangelo Antonioni
48 — “Uma palavra, Benjamin: plásticos.” De “A Primeira Noite de um Homem”.
49 — Um homem morrendo no deserto em “Ouro e Maldição”, de Erich von Stroheim.
50 — Eva Marie Saint agarrada à mão de Cary Grant no monte Rushmore, em “Intriga Internacional”.
51 — Fred Astaire e Ginger Rogers dançando.
52 — “Não existe cláusula de sanidade mental!” Chico para Groucho em “Uma Noite na Ópera”.
53 — “Chamam-me Senhor Tibbs!” Sidney Poitier em “No Calor da Noite”, de Norman Jewison.
54 — A tristeza dos amantes separados em “Atalante”, de Jean Vigo.
55 — A vastidão do deserto e, em seguida, as minúsculas figuras surgindo, em “Lawrence da Arábia”.
56 — Jack Nicholson na garupa da motocicleta, com um capacete de futebol americano, em “Sem Destino”.
57 — A coreografia geométrica das garotas de Busby Berkeley.
58 — O pavão abrindo a cauda na neve, em “Amarcord”, de Federico Fellini.
59 — Robert Mitchum em “O Mensageiro do Diabo”, com AMOR tatuado nos dedos de uma mão e ÓDIO, nos da outra.
60 — Joan Baez cantando “Joe Hill” em “Woodstock — 3 Dias de Paz, Amor e Música”.
61 — A transformação de Robert De Niro de esbelto boxeador a barrigudo dono de boate, em “Touro Indomável”.
62 — Bette Davis: “Apertem os cintos. Vai ser uma noite turbulenta!”, em “A Malvada”.
63 — “Essa aranha é do tamanho de um carro!” Woody Allen em “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”.
64 — A corrida de bigas em “Ben-Hur”.
65 — Barbara Harris cantando “It Don’t Worry Me” para acalmar a multidão em pânico em “Nashville”, de Robert Altman.
66 — A disputa de roleta-russa em “O Franco-Atirador”.
67 — Cenas de perseguição: “Operação França”, “Bullit”, “Os Caçadores da Arca Perdida”, “Diva – Paixão Perigosa”.
68 — A sombra da garrafa escondida na luminária, em “Farrapo Humano”.
69 — “Eu poderia ser um lutador [de boxe]”. Marlon Brando em “Sindicato de Ladrões”.
70 — O discurso de George C. Scott sobre o inimigo em “Patton — Rebelde ou Herói?”: “Vamos passar por ele como faca quente na manteiga”.
71 — Wile E. Coyote, suspended in air.Rocky Balboa correndo escadaria acima e agitando os punhos no alto, com Filadélfia a seus pés [em “Rocky — Um Lutador”].
72 — Debra Winger se despedindo dos filhos em “Laços de Ternura”.
73 — A montagem das cenas de beijo em “Cinema Paradiso”.
74 — Os convidados do jantar que acham que de alguma forma não podem ir embora, em “O Anjo Exterminador”, de Luis Buñuel.
75 — O cavaleiro jogando xadrez com a morte, em “O Sétimo Selo”, de Ingmar Bergman.
76 — O zelo selvagem dos membros da Ku Klux Klan em “O Nascimento de uma Nação”, de D. W. Griffith.
77 — O problema da porta que não para fechada, em “As Férias do Sr. Hulot”, de Jacques Tati.
78 — “Eu sou grande. Os filmes é que ficaram pequenos.” Gloria Swanson em “Crepúsculo dos Deuses”.
79 — “Agora eu sei que não estamos no Kansas.” Judy Garland em “O Mágico de Oz”.
80 — O plano que começa no alto do saguão e termina em close-up da chave na mão de Ingrid Bergman, em “Interlúdio”, de Alfred Hitchcock.
81 — “Não tem muita carne nela, mas a que tem é de primeira.” Spencer Tracy sobre Katharine Hepburn em “A Mulher Absoluta”.
82 — A excursão dos doentes mentais em “Um Estranho no Ninho”.
83 — “Sempre pareço bem quando estou à beira da morte.” Greta Garbo a Elizabeth Allan em “A Dama das Camélias”.
84 — “Levou mais de uma noite para mudar meu nome para Shanghai Lily.” Marlene Dietrich em “O Expresso de Shangai”.
85 — “Estou andando aqui!” Dustin Hoffman em “Perdidos na Noite”.
86 — W. C. Fields atirando punhados de neve cenográfica no próprio rosto, em “O Último Drink”.
87 — “Da próxima vez que você não tiver nada pra fazer, e muito tempo disponível, venha me ver.” Mae West em “Minha Dengosa”.
88 — “Consegui, mamãe. O topo do mundo!” James Cagney em “Fúria Sanguinária”.
89 — Richard Burton explodindo quando Elizabeth Taylor revela o “segredo” deles, em “Quem Tem Medo de Virginia Woolf?”
90 — Henry Fonda de cabelo cortado em “Paixão de Fortes”.
91 — “Distintivos? Não temos distintivos. Não precisamos de distintivos. Não tenho que te mostrar droga de distintivo nenhum.” Alfonso Bedoya para Humphrey Bogart em “O Tesouro de Sierra Madre”.
92 — “Aí está o seu cachorro. Ele está morto. Mas tinha de haver algo que o fazia mover-se [quando vivo]. Não tinha?” Do documentário “Portais do Céu”, de Errol Morris.
93 — Não toque no terno!” Burt Lancaster em “Atlantic City”.
94 — Gena Rowlands chega à casa de John Cassavetes num táxi cheio de animais adotados, em “Amantes”.
95 — “Quero viver novamente. Quero viver novamente. Quero viver novamente. Por favor, Deus, deixe-me viver novamente.” James Stewart para o anjo em “A Felicidade Não Se Compra”.
96 — Burt Lancaster e Deborah Kerr abraçados na praia, em “A Um Passo da Eternidade”.
97 — Mookie jogando a lata de lixo pela janela da pizzaria de Salvatore, em “Faça a Coisa Certa”.
98 – “Adoro o cheiro de napalm pela manhã.” Robert Duvall em “Apocalypse Now”.
99 — “A natureza, Sr. Allnut, é algo em que fomos postos neste mundo para superar.” Katharine Hepburn para Humphrey Bogart em “Uma Aventura na África”.
100 — “Mãe de misericórdia. Este é o fim de Rico?” Edward G. Robinson em “Alma no Lodo”.
Um comentário:
Realmente uma lista de clássicos do cinema.
Ótimo post.
Bjs
Postar um comentário