domingo, 6 de setembro de 2009

Sem ser pintora...

Pássaro da liberdade, 1975, guache sob compensado


“Quem sabe escrevo por não saber pintar?”, dizia a própria Clarice Lispector. Dezesseis pinturas com guache, dos anos 70, mostram uma experiência da escritora em crise com sua literatura e em busca de outro modo de escrever, uma nova linguagem. O material está reunido pela primeira vez no Instituto Moreira Salles, na Gávea (Rio de Janeiro) , a partir de quarta-feira, em Clarice pintora, que fica em cartaz até 27 de setembro.

Mesmo que despretensiosa, esta convivência com as tintas influenciou suas obras a partir de Água Viva, de 1973. A construção de imagens é bem parecida com a literária, falando sobre o fazer e com algumas imagens meio… fantasmagóricas.“É uma libertação pintar. Liberta mais do que escrever”, avaliava.

A mostra também reúne livros e traduções das principais obras de Clarice Lispector, além de alguns manuscritos expostos em vitrines. Pra quem filhos maiores de 3 anos, há roda de história com o Grupo Mosaicos e os contos Quase verdade e A mulher que matou os peixes, no dia 26, com refrescos e barulho de passarinho.


“Quanto ao fato de escrever, digo – se interessa a alguém – que estou desiludida. É que escrever não me trouxe o que eu queria, isto é, a paz. (…) O que me descontrai, por incrível que pareça, é pintar. Sem ser pintora de forma alguma, e sem aprender nenhuma técnica. (…) É relaxante e ao mesmo tempo excitante mexer com cores e formas sem compromisso com coisa alguma. É a coisa mais pura que faço.”

4 comentários:

Anônimo disse...

Eu desenhava quando estava triste, hoje eu escrevo.

Acho que as cores e as formas expressam bem, mas não existe nada como as palavras...

Bjs!

Robson Ribeiro disse...

Obrigado pela dica. Também gostaria de saber pintar, mas tenho que me contentar com minhas linhas capengas...

Beijos!

Anônimo disse...

a melhor coisa de pintar é não saber pintar, assim você não se prende e deixa o pincel correr solto.

Adriana Riess Karnal disse...

pintar é ótimo, mas escrever desconserta mesmo.