Micheliny azul dentro da Lua na janela pública
Eu encontrei esta moça cheia de geografia íntima e de desertos, no Palco do Itaú Cultural, todas as vezes. Na primeira vez, ela de preto clareava tudo e com seu sotaque forte mapeava minha fisionomia com traços de espanto. Hoje, encontro-a novamente, tantos anos depois, mas parece que com muito menos anos. Naquela época, menina ainda, acredito que nem imaginava ser mãe. Era musa espoleta, com chicote estalando na língua. Hoje, seu olhar doce, que lembra o caudaloso leite, declara que Nina e Théo são filhos do seu ventre (livre).
Antes de Lirinha entrar no palco com seu "Mercadoria e Futuro", Micheliny manifesta sua África e seu Sertão. A figura pequena, e ao mesmo tempo tão forte e cheia de "arenga" , preenche o espaço vazio inteiro. Um livro antigo, girando feito manivela entre as mãos delicadas, abre páginas do tempo. Entre folhas puídas, há tanta história e dor antiga " Nossa mãe e nosso pai ainda mal contados, mal traçados, e ainda que amados,tão mal-amados"...
O poema forte, traz a densidade da poeta em cada sílaba e em cada olhar sob as letras adormecidas. O manifesto se encerra com grande carga dramática e uma bonita flor no cabelo da menina.
Minha mãe, meu pai
Tua mãe, teu pai
Nossa mãe, nosso pai
África e Sertão
Terra prometida
Colo desejado
Expectativa
*
África e Sertão: à Maneira de um Manifesto
Por Micheliny Verunschk
Por Micheliny Verunschk
2 comentários:
Sô, que lindo texto. O seu olhar melhora o meu :)
beijo!
Parabéns pelo texto, pela sensibilidade.
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