Sábado de eclipse. Sábado pós-meu-aniversário. Sábado de 20ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Poderia e deveria ter sido melhor. Estacionamento (r$ 20,00) mais caro que entrada inteira (r$ 10,00). Praça de alimentação em excesso, eventos infantis em excesso, pouco espaço para discussão de idéias, excesso de falta de organização.
No Pavilhão de Exposições do Anhembi, 4,1 mil lançamentos, 210 mil títulos expostos e 2,2 milhões de livros à venda (são 350 expositores representando mais de 900 selos editoriais). Os números impressionam, mas de perto tudo parece uma grande Babel e muito próximo de apenas um clique. Submarino, Saraiva, Martins Fontes... se a busca era por novidades, melhor procurar longe dali.
A Bienal trouxe 50 convidados estrangeiros vindos de 14 países e 220 convidados nacionais. Guillermo Arriaga [foto], roteirista premiado dos filmes Amores Brutos (2000), 21 Gramas (2003) e Babel (2006), era um dos grandes destaques. Vergonhosa recepção, diga-se de passagem. Não haviam indicações claras das mesas de convidados, durante o dia. Na sala que escolhemos, Marçal Aquino por um imprevisto qualquer, faltou. Marcelo Rubens Paiva precisou ser carregado para estar entre os convidados (tendo em vista os organizadores da Bienal terem se esquecido que ele é um cadeirante e não ter providenciado rampas de acesso). Microfone falhou, a música do lado de fora estava tão alta que nos impedia de ouvir o que era dito dentro da sala, e ao término do evento, Arriaga ficou solto num estande (Renascer ?) dando autográfos do seu novo livro "O Esquadrão Guilhotina" sem ninguém a lhe assessorar. Não é assim que deveria ser. Autores brasileiros, foram convidados a participar, sem receber cachê nenhum e ficaram a mercê da sorte. Sem espaço definido, encurtaram palestra, e se perderam na multidão.
A Bienal deveria ser boicotada. Quem não oferece estrutura não merece estrelas.
Quanto à Guillermo, muito sereno e simpático, discorreu sobre roteiros e adaptações. Prestou atenção no público e levantou-se inúmeras vezes para palestrar como professor que é. Saí de lá, admirando-o um pouco mais. Com olhos vivos e sábias palavras disse-nos:
"esqueçam o talento, ele não existe, busquem o trabalho da mente, dia após dia, palavra após palavra. não deixem as cores secarem... é preciso construir um novo diálogo todos os dias, se você estiver pronto, um dia estará no lugar certo na hora certa... e as coisas acontecerão"
Ao final, entreguei pra ele um bilhete manuscrito que continha uma letra do Madan que assim dizia:
não existe
sorte
azar
não existe
tudo é risco
arrisque
leão de zôo
tem os olhos
tristes
Um comentário:
Foi uma pena eu não ter conseguido ir à Bienal. Até combinei com uma amiga, mas não foi possível.
A última vez que fui, ainda era no Expo-Center Norte. Uma lástima também. Cheio demais, apertado demais, quente demais.
Deviam dar mais valor a esse tipo de evento.
Achei lindo o trecho do Guillermo. Acho que ele está certo. Alguns nascem com talento, outros com sorte, mas só alcança alguma coisa quem trabalha por isso.
Bjs!
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