sábado, 1 de maio de 2010

Correspondance Mallarmé.

Fosse




seria
pior
não
mais nem menos
indiferentemente mas tanto quanto



Mallarmé, chère amie.


Conversei com Leminski e ele me contou sobre o velho poço de Bashô. Creio que a ti, nada comentou. Sobre saltos de sapos, abolições e funduras ele preferiu guardar pra si as tais impressões (e imperfeições). Devo dizer-lhe porém, que cá estou a repensar nossas cartas. As últimas que recebi só falaram sobre A Grande Obra, mas para mim ela já está pronta. As rupturas, as costuras e as novas grafias, já superaram o passado recente. Não se magoe em vão, como tua amiga devo alertá-lo: a noite, palavras garrafais podem embebedar-lhe os sentidos e ainda poderá te causar falta de ar, como da última vez que de tanto querer mostrar-me as coisas não ditas, quase morreste em minhas mãos.
Sabes que te gosto, e por isto te cuido. Não se descuide, não se prenda à Baudelaire. Neste instante, você é o mestre e ele descansa do dever cumprido. Aqui, no meu Paradis Artificiels te aguardo. Escreva, espero, o endereço não muda, nem o sentimento.




S.Savannah-la-Mar 
Voilà qui est mélancolique et déplorable !


30/05/2008 - A Letreira

2 comentários:

Alex Zigar disse...

Gosto desta criatividade metida à essência lírica. Debruço-me nesta fantasia e me afogo também.Parabéns!

: A Letreira disse...

Escrever para (e sobre) o passado é um exercício delicioso de refrescar os sentidos (e os sentimentos)