Foi um triângulo. A obra da Tarsila escrita era acanhada. De poucas palavras deixadas, vê-se cores carregadas. Na desigualdade da vida, naquele tempos (meados de 30) heranças e paixões eram casos sérios e os casos amorosos não podiam, nem deveriam, ser revelados.
Tudo foi trancado à 7 chaves. Mas, a importância de Tarsila na vida de Luis Martins não foi mero acaso. Por muitos anos, mantiveram segredo (ou quase, tendo em vista que muitos sabiam desta gangorra solitária que balançava o coração tarsiliano). Até que pós-morte (como sempre, com o que se guarda por não se ter coragem de rasgar coisas do coração selvagem) a filha de Luis e Anna Maria descobriu que o pai mantivera por 18 anos um caso com uma outra mulher. Sim, era ela, a Tarsila das tantas artes: "Abaporu", 1928; "O Lago", 1928; "O Ovo" ou "Urutu", 1928; "A Lua",1928; "Cartão Postal", 1929 e "Antropofagia", 1929.
Aí vai meu coração, não é um livro de fofocas. Ao entrar no universo alheio, de paixões e dores transcritas em cartas antigas, sente-se um aperto no peito por cada página que se vira. Dói um pouco, porque no fundo, sempre imagina-se finais felizes. Descobrimos porém, que a vida não é tão colorida quanto merecia ser e a máxima modernista é mais verdadeira que nunca "só a antropofagia nos une" desde sempre, para sempre.
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