sábado, 12 de março de 2011

Tempo de embebedar cavalos


                                                  foto arquivo pessoal

Ontem à noite (sexta-feira) enquanto o marido aquecia as panelas para preparar umas delícias e eu bebericava no balcão da cozinha, ele me perguntou quem é o escritor da atualidade que eu daria tudo para escrever ao lado dele... não me importando se era dia ou se era noite, sem cobrar, sem pagar, apenas para estar ali absorvendo o máximo possível ... vivendo.

Estou matutando até a agora... porque sinceramente, quase todos que eu daria tudo para estar por perto, estão mortos. E, alguns vivos que admiro muito como escritores, depois do advento internet (facebook / twitter / blogs / etc) continuam insuperáveis nas palavras, mas são tão mesquinhos e banais na vida virtual (quase real!) que não tenho vontade nenhuma de aprender quase nada com eles...

Quando eu penso em alguém que gostaria de conviver para apre(e)nder, eu penso não só nas palavras, penso também na vida, no que eu poderia captar além da escrita. Eu preciso de encantamentos, de paixão violenta. Não importa o sexo, a idade, a escrita. Poderia ser Anais Nin, poderia ser Bocage, o Sàndor Màrai, o Saramago, o Leminski, poderia ser até o Manoel de Barros.

Mas, qualquer um deles, precisaria (para mim) ser insuperável na arte de viver e escrever.

Não gosto de gente fake,  de personagens criados para agradar o público, de escritor pré-fabricado que frequenta cursinho para aprender a escrever e depois publica o que acredita ser um grande livro. Não gosto, não gosto mesmo (e me desculpem os amigos que dão estes tais cursos e formam uma legião de escritores massificados "todos iguais, todos iguais, mas uns mais iguais que os outros").

Gosto de quem me esbofeteia literariamente ou me faz adormecer com sensibilidade e calmaria. Raduan Nassar ou  Hilda Hilst. Fernando Pessoa ou Emily Bronte. Augusto dos Anjos ou Samuel Beckett. Há uns tantos que eu seguiria por aí, correria atrás, me devotaria.

Por isso, talvez, hoje uma das pessoas que mais admiro e gostaria de ver ainda escrevendo uma obra genial é um escritor chamado Ademir Assunção.

Ainda ontem, falando sobre ser ou não ser nas redes sociais, meu marido me perguntou "mas, independente da pessoa estar aquém do que você imagina, você acredita que ela seria capaz de receber dinheiro para fazer diferente o que de forma sincera e bombástica faria ?"

Poucos não seriam traídos, poucos não se venderiam... mas o Ademir, eu acredito, seria um destes poucos. E, eu ainda acredito num livro arrebatador dele, daqueles, da galeria dos memoráveis, feito saco de pancada, feito saco de rato, feito uma rebelião... na zona fantasma.


2 comentários:

Ademir disse...

Sonia, querida: eu apenas sigo com minha teimosia e minhas maluquices. Não sei viver de outra forma. Muito obrigado pela sua confiança. Um beijo.

micheliny verunschk disse...

Me encontrei poucas vezes com o Ademor, Sô, mas todas as vezes em que me encontrei e tudo o que li dele me falam essa mesmissíma coisa que você disse dele.