segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Sem medo de rimas


devorando Cruz e Sousa

DANÇA DO VENTRE
Cruz e Sousa


Torva, febril, torcicolosamente,
numa espiral de elétricos volteios,
na cabeça, nos olhos e nos seios
fluíam-lhe os venenos da serpente.


Ah! que agonia tenebrosa e ardente!
que convulsões, que lúbricos anseios,
quanta volúpia e quantos bamboleios,
que brusco e horrível sensualismo quente.


O ventre, em pinchos, empinava todo
como réptil abjecto sobre o lodo,
espolinhando e retorcido em fúria.


Era a dança macabra e multiforme
de um verme estranho, colossal, enorme,
do demônio sangrento da luxúria!

Um comentário:

Anônimo disse...

Belo poema e bela foto, Milady.

Estás com uma cara feliz e descontraída...

Assim é que tens que ser.
Gilocas