Foto arquivo pessoal: Porto Seguro / 2010
Naufrágio
Silêncio,
agora me destroço,
mastro retorcido,
casco arrebentado.
Meu nome encontra
o rosto da sereia cega
e decepada.
Meu nome encontra o nome
desse país provisório
entre a vida e a água.
Vértebras.
Pele furada.
Olho de baleia.
Agora é a minha deixa.
Coluna dolorida
tocando o abismo
desse céu inverso.
Incisão de agulhas de tricô.
Silêncio.
Agora me atravessam
pregos,
travessões.
Silêncio,
agora começou.
Micheliny Verunschk, escritora pernambucana, escreveu Geografia Íntima do Deserto (Landy Editora), livro finalista do Portugal Telecom de 2004, e O Observador e o Nada (Edições Bagaço). Tem trabalhos publicados nos Estados Unidos, Canadá, França e Portugal.
Um comentário:
Meu nome encontra
o rosto da sereia cega
e decepada. ' vc é um poeta ! apaixonei-me
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