quarta-feira, 21 de abril de 2010

A estrada que liga o 'nada a coisa nenhuma'

                                

Durante muitos anos, Juscelino para mim, era a capa desta revista. E, além da capa da revista ele era o dono de Brasília. E, além de ser a capa e o dono, ele fora morto. Sim, fora morto. E-M-B-O-S-C-A-D-O ... A-S-S-A-S-S-I-N-A-D-O. 

As imagens desta revista (da semana de agosto de 1976) mostrava bem a trajetória do Senhor Juscelino Kubitschek (até hoje me atrapalho pra escrever este sobrenome) e gostaria que soubessem, eu não inventei nada disto.

Eu tinha 4 anos quando o Juscelino morreu. Mas, eu vivi 30 anos vendo meu Pai pegar esta revista, manusear com todo o cuidado do mundo e contar sempre a mesma história.

Durante muito tempo, eu não tinha a mínima idéia de onde era Brasília. Mas, sabia que  meu pai teve um terreno lá, porém como nunca foi desbravar, o terreno perdeu o dono e nós nunca viajamos para conhecer a Brasília do Sêo Juscelino.

Meu pai era um homem politizado e se havia algo que ele gostava na vida que Deus lhe deu (além do Santos e de pistache) era de política. Ele sabia tudo o que se podia imaginar e mais ainda do que a imaginação dele podia criar. De conspirações à traições, de partidários e reacionários, qualquer sigla, qualquer candidato, qualquer governante antigo ele sabia... de tudo, tudinho mesmo.

Eu não herdei dele esta sapiência. Se duvidar, não sei nem quem foi o primeiro presidente do Brasil, quanto mais  TODOS os presidentes. Mas, ele era meu pai-sabe-tudo e o Juscelino dele tá guardado comigo e comigo morrerá.

BRASÍLIA completa 50 anos.

De lá eu me lembro deste tal terreno (que nunca vimos) , da Legião Urbana que foi minha paixão adolescente e do Presidente Juscelino Kubitschek (que pra mim nasceu quando morreu, pois se não fosse os tantos anos desta revista ele nem na minha imaginação estaria).

Meu Pai não vive mais e se vivesse, hoje - com certeza - pegaria a Manchete de 76 e passaria horas contando sobre Brasília que ia do nada à lugar nenhum, que nasceu do zero, e que tinha o lema:

50 anos em 5!

Brasília hoje é uma vergonha. E, motivo mesmo, não tem pra comemorar. Mas, meu pai com sua revista antiga me mostraria coisas que nem imagino,  então tudo faria sentido novamente e a nossa estrada estaria ligada, como sempre, pra sempre.

2 comentários:

Marcantonio disse...

Eu chamaria de uma visão afetivo-política. Muito bom.Mas você não acha que Brasíla hoje é algo mais que uma caixa de guardar políticos? Uma cidade cujas contradições, com vícios e virtudes, vão muito além do fato de ser um distrito federal. Acho que o Brasil não conhece bem essa outra Brasília.

Um abraço.

lis disse...

Oi Sonia
Li a respeito desse acidente também , nao acredito em assassinato, mas tudo é possível.
Brasilia foi uma aventura que teve exito.Foi construida pra ser a capital do Brasil e muitos nao acreditavam que haveria de sair daquele deserto uma cidade hoje bem querida pelos seus habitantes
Ali ou aqui ou onde quer que seja os homens que fazem politica nesse país andam a envergonhar o povo brasileiro com suas falcatruas .
E se aglomeraram em Brasilia , o foco está lá / mas a cidade produz , e é muito bonita.
Como diz o Marcantonio os brasileiros nao conhecem ainda Brasília .
Gostei do seu texto.
um abraço, bom domingo